O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) — considerado o indicador oficial de inflação do país — subiu 0,48% em setembro, levemente abaixo da expectativa de 0,52%, após recuar 0,11% em agosto.
Segundo dados divulgados nesta quinta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação acumulada de 2025 registra alta de 3,64%, e em 12 meses, de 5,17%.
Para o economista João Fernandes, da Quantitas, a parte qualitativa do IPCA — que interessa ao Banco Central (BC) para definir os juros — foi considerada como positiva, com bons números nos núcleos, serviços e serviços subjacentes.
- Outros investidores já estão copiando a operação com café que rendeu R$ 25 mil no mês — saiba como ativar agora o Copy Invest.
Energia elétrica puxa o IPCA
O grupo Habitação foi o principal responsável pela alta do índice, com avanço de 2,97% e impacto de 0,45 ponto percentual no resultado do mês. A energia elétrica residencial subiu 10,31%, revertendo a queda de 4,21% registrada em agosto, e teve o maior impacto individual (0,41 p.p.) no IPCA.
Segundo o gerente do IPCA, Fernando Gonçalves, o aumento foi causado pelo fim do Bônus de Itaipu — que reduziu as contas em agosto — e pela manutenção da bandeira tarifária vermelha patamar 2, que adiciona R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos.
No acumulado do ano, a energia elétrica residencial já subiu 16,42%, o maior impacto individual sobre o indicador (0,63 p.p.).
Alimentos seguem em queda
Em contraste, o grupo Alimentação e bebidas caiu 0,26% em setembro, o quarto mês consecutivo de recuo.
A alimentação no domicílio recuou 0,41%, puxada por reduções nos preços do tomate (-11,52%), cebola (-10,16%), alho (-8,70%) e batata-inglesa (-8,55%). Já frutas (2,40%) e óleo de soja (3,57%) ficaram mais caros.
- Fale agora com a Clara, nossa atendente virtual, e tire suas dúvidas sobre investimentos e imóveis: Iniciar conversa
A alimentação fora de casa desacelerou de 0,50% em agosto para 0,11% em setembro, acompanhando o alívio dos preços dos alimentos in natura.
Transportes e serviços mostram estabilidade
O grupo Transportes teve leve alta de 0,01%, com impacto nulo no índice. Os combustíveis subiram 0,87%, refletindo aumentos na gasolina (0,75%) e no etanol (2,25%). Por outro lado, a passagem aérea (-2,83%) e o seguro de veículos (-5,98%) contribuíram para segurar o índice.
O IBGE também destacou que o índice de difusão — que mede o percentual de itens com aumento de preço — caiu de 57% em agosto para 52% em setembro, indicando uma pressão inflacionária mais concentrada.
Mercado avalia resultado como positivo
O resultado veio abaixo das expectativas do mercado, que projetavam uma alta de 0,52%. Analistas avaliaram que, apesar da aceleração do índice cheio, o resultado qualitativo foi positivo, com sinais de alívio nos serviços e bens industriais.
- Temos 46 vagas restantes para quem quer lucrar com operações de café do Portal das Commodities — clique aqui e veja como aplicar na prática.
O economista Leonardo Costa, do ASA, destacou que, mesmo sem o impacto do seguro de veículos, os serviços subjacentes (que excluem itens voláteis) tiveram variação de apenas 0,27%.
Para o economista Maykon Douglas, o núcleo de inflação ainda roda pouco acima de 5% em 12 meses, fora da meta, mas o cenário segue de desinflação lenta, o que deve manter o Banco Central cauteloso nos próximos meses.
Já Alexandre Maluf, da XP Investimentos, apontou que a devolução do bônus de Itaipu explica boa parte da alta do índice, mas o comportamento dos serviços foi “benigno”, o que ajuda a conter preocupações com a inflação persistente.
Impactos do IPCA sobre a política monetária
Economistas afirmam que o resultado de setembro reforça o cenário de manutenção da taxa Selic em 15% até o fim do ano.
Para André Perfeito, o número é positivo do ponto de vista do Banco Central, pois mostra desaceleração nos núcleos de inflação. No entanto, o impasse fiscal segue limitando uma redução mais rápida dos juros.
A economista Claudia Moreno, do C6 Bank, avalia que o espaço para cortes pode surgir no primeiro trimestre de 2026, se houver melhora nas expectativas e no cenário internacional.