Os mercados internacionais iniciaram o pregão desta segunda-feira (13) com sinais de recuperação após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adotar um tom mais conciliador no fim de semana, recuando em sua decisão de impor tarifas extras de 100% contra a China em um novo embate comercial.
O anúncio ocorreu na última sexta-feira (10), quando as bolsas globais registraram perdas de mais de US$ 2 trilhões.
No domingo, Trump publicou em sua rede social que “tudo ficará bem” e que os EUA “não querem prejudicar a China”.
Em resposta, a China disse que “não tem medo” de uma guerra comercial, mas também destacou que busca “diálogo e cooperação”, o que reforçou a percepção de que ambos os lados ainda procuram uma saída negociada.
A mudança na postura das duas maiores potências econômicas globais acalmou os investidores e trouxe de volta o apetite por risco, impulsionando os mercados globais.
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Semana começa com mercados em recuperação
A alta das bolsas ocorre em ritmo moderado, devido ao feriado de Columbus Day nos Estados Unidos, que mantém o mercado de Treasuries (títulos públicos americanos) fechado e reduz a liquidez global.
Os contratos futuros de ações americanas operaram em alta no pré-mercado, refletindo o alívio após as fortes quedas de sexta-feira, quando os índices S&P 500 e Nasdaq registraram as maiores quedas semanais em meses, de 2,7% e 3,5%, respectivamente.
Segundo o JPMorgan, as perdas foram ampliadas por vendas automáticas de fundos alavancados e estratégias sistemáticas, que despejaram cerca de US$ 26 bilhões em ações no fechamento.
Já nesta segunda-feira, às 12h18 (horário de Brasília), os futuros das bolsas americanas avançam, com Dow Jones em alta de 0,87%; S&P 500 valorizando 1,11% e Nasdaq com ganhos de 1,57%.
Entre as empresas de tecnologia, nesta manhã, a Nvidia e AMD subiam mais de 3%, enquanto Apple e Meta registram ganhos acima de 1%.
O dólar, que havia disparado na sexta-feira, abriu a sessão em queda e amplia a perda para 1,31%, cotado a R$ 5,44 ante o real. O Ibovespa futuro sobe 0,98%, aos 141.745 pontos.
As commodities também reagiram, com o petróleo Brent avançando 1,6%, e o minério de ferro em alta de 1,13% na Bolsa de Dalian, na China.
Na Europa, os índices iniciaram o dia em alta significativa, puxado por mineradoras. Já os mercados asiáticos fecharam em queda, ainda refletindo o impacto das perdas de sexta-feira e a incerteza em relação aos próximos passos dos Estados Unidos.
Impacto das restrições anunciadas por Trump
As medidas anunciadas por Trump atingiram especialmente empresas de tecnologia e inteligência artificial (IA), que dependem de elementos de terras raras para fabricar chips e componentes.
O governo chinês pediu que Washington suspenda as restrições comerciais unilaterais, afirmando que elas prejudicam o comércio global.
As declarações de Trump foram vistas como o maior atrito entre Pequim e Washington em seis meses, após um período de relativa distensão durante o verão no hemisfério norte.
Em coletiva nesta segunda (13), o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, afirmou que o país “tomará medidas correspondentes” caso os EUA avancem com as tarifas de 100% sobre produtos chineses a partir de 1º de novembro.
“O lado chinês pede que os EUA ajam com base na igualdade, no respeito e no benefício mútuo”, disse Lin Jian.
Pequim também pediu que Washington corrija suas “práticas erradas” e reforçou que prefere resolver as divergências por meio do diálogo.
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Como a turbulência entre EUA e China começou
A nova escalada teve início na sexta-feira (10), quando a China anunciou restrições à exportação de terras raras, minerais usados em chips, veículos elétricos e equipamentos militares.
Trump respondeu com a ameaça de tarifas e controles adicionais sobre exportações americanas de software e tecnologia crítica, acendendo o alerta nos mercados.
O Ministério do Comércio da China (MOFCOM) afirmou que sua política de exportação foi uma reação às medidas dos EUA, e não uma tentativa de agravar o conflito.
EUA sinalizam diálogo e reunião entre Trump e Xi Jinping
O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, afirmou em entrevista à Fox Business também nesta segunda-feira que a tarifa “não precisa acontecer de fato”.
“Temos outras cartas além de tarifas, mas não queremos exaltar nosso poder e nossas ferramentas”, disse Bessent.
O secretário acrescentou que acredita que a decisão da China sobre as exportações de terras raras pode ter vindo de uma ala mais rígida do governo chinês, e não diretamente do presidente Xi Jinping.
Segundo ele, haverá “reuniões de nível de equipe” entre os dois países em Washington nesta semana, durante os encontros anuais do FMI e do Banco Mundial, e uma reunião entre Trump e Xi está prevista para este mês, na Coreia do Sul.
“Reduzimos substancialmente a escalada. O presidente Trump disse que as tarifas não entrarão em vigor até 1º de novembro. Ele se reunirá com o presidente Xi Jinping na Coreia do Sul. Acredito que essa reunião ainda está confirmada”, afirmou Bessent.
Na sexta, Trump havia publicado na rede Truth Social que “não via razão” para se reunir com Xi após o anúncio das restrições chinesas, mas voltou atrás no fim de semana com uma mensagem conciliadora:
“Não se preocupem com a China, tudo ficará bem! O muito respeitado presidente Xi simplesmente teve um mau momento. Ele não quer depressão para o seu país, e eu também não.”
Além das questões envolvendo os minerais críticos, Trump e Xi devem discutir a redução das compras chinesas de soja americana, que caíram em meio à disputa tarifária, com o país asiático priorizando importações do Brasil e da Argentina.
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Tensão pode dominar reuniões do FMI e Banco Mundial
As reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, que começam nesta semana em Washington, devem ser dominadas pela incerteza sobre o conflito comercial entre EUA e China.
Mais de 10 mil participantes, entre ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais de 190 países, devem participar dos encontros.
Uma trégua recente entre os dois países havia levado o FMI a melhorar as perspectivas de crescimento global, mas o tom agressivo de Trump na sexta-feira reacendeu temores de uma nova guerra comercial total.
Para agravar o clima, a China anunciou taxas portuárias equivalentes às impostas pelos EUA para navios construídos ou de propriedade chinesa, ampliando as tensões.