A inadimplência no Brasil subiu para 30,5% em setembro, chegando ao maior patamar da história — desde o início da série histórica em 2010. Destes, 13% revelou não ter condições de pagar as dívidas atrasadas.
Já o percentual de famílias brasileiras com dívidas foi de 79,2%, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O comprometimento da renda também permaneceu alto: 18,8% dos consumidores destinavam mais da metade dos rendimentos ao pagamento de dívidas. De acordo com a CNC, os números indicam um cenário de crescente fragilidade financeira.
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“As famílias estão cada vez mais comprometendo sua renda com dívidas de curto prazo, o que agrava ainda mais a situação financeira”, comenta Rodrigo Mandaliti, presidente do IGEOC (Instituto Gestão de Excelência Operacional em Cobrança).
Segundo o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, mesmo que o endividamento ajude a impulsionar as vendas no comércio, o aumento da inadimplência mostra que essa dinâmica perdeu força.
Além disso, quase metade das famílias (48,7%) com contas em atraso estão inadimplentes há mais de 90 dias.
A CNC projeta que o endividamento total aumente 3,3 pontos porcentuais até o fim de 2025, na comparação anual. A inadimplência deve crescer 1,7 ponto porcentual no mesmo período.
Endividamento em SP atinge maior nível em 15 meses
O endividamento das famílias na cidade São Paulo (CP) chegou a 72,7% em setembro, maior nível desde junho de 2023 (72,8%). Os dados são da Peic elaborada pela FecomercioSP. O resultado representa um aumento em relação a agosto, quando o índice era de 71,5%.
Em números absolutos, são quase 3 milhões de famílias endividadas na capital, cerca de 50 mil a mais em apenas um mês. Em um ano, são 200 mil a mais.
Embora mais famílias estejam endividadas, o nível de inadimplência ficou estável em 22,7% em setembro. O número, no entanto, é superior ao de setembro de 2023 (18,9%). Atualmente, 931,6 mil famílias têm contas em atraso, um crescimento de 160 mil em um ano.
Já o percentual de famílias que não conseguirão quitar débitos em atraso subiu para 9,6% em setembro, o maior índice desde abril de 2023 (9,8%). Em números absolutos, isso representa 393,5 mil famílias.
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Segundo a FecomercioSP, o aumento do endividamento não é, por si só, um sinal negativo. O uso do crédito serve como estratégia para manter o consumo diante de orçamentos apertados.
A estabilidade da inadimplência indica que, mesmo com mais famílias recorrendo ao crédito, a combinação de inflação controlada e mercado de trabalho aquecido tem ajudado a evitar o crescimento dos atrasos.
A entidade avalia que, se esse cenário persistir, pode haver uma melhora gradual no perfil das dívidas, com espaço para que as famílias quitem seus débitos acumulados e retomem o consumo de forma mais sustentável.









