As vendas no varejo deram sinais de recuperação, registrando alta de 0,2%, após quatro meses seguidos em queda, de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (15).
O resultado de agosto veio em linha com a mediana das estimativas dos analistas, após o comércio registrar queda de 0,2% em julho (revisado após divulgação inicial de -0,3%).
Na comparação anual, o varejo restrito cresceu 0,4%, acima do esperado, enquanto a mediana das previsões do mercado era de aumento de 0,3%, com intervalo entre queda de 2,7% e alta de 4%.
Com o resultado, o setor acumula alta de 1,6% neste ano (até agosto) e 2,2% nos últimos 12 meses.
- Crédito com as menores taxas do mercado. Simule um empréstimo com home equity agora.
O economista Maykon Douglas avalia que assim como nos dados de serviços, o setor varejista em agosto apresenta um efeito pontual positivo, decorrente do pagamento dos precatórios no meio do ano.
Douglas pontua que com o aumento da difusão e retorno à média histórica, as altas mensais têm se disseminado um pouco mais na margem.
Desempenho do varejo ampliado em agosto
O comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças, material de construção e o atacado de alimentos, bebidas e fumo, teve crescimento de 0,9% em agosto, frente a julho. A média móvel trimestral do segmento, porém, mostrou queda de 0,3%.
Na comparação com agosto de 2024, o varejo ampliado registrou uma retração de 2,1%. No acumulado de 2025 até agosto, há queda de 0,4%, enquanto nos últimos 12 meses o saldo é positivo em 0,7%.
O IBGE também revisou o dado de julho, elevando a taxa de crescimento do varejo ampliado de 1,3% para 1,8%.
Setores que mais cresceram no varejo
Entre as oito atividades pesquisadas, cinco apresentaram alta na passagem de julho para agosto:
- Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: +4,9%
- Tecidos, vestuário e calçados: +1%
- Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: +0,7%
- Móveis e eletrodomésticos: +0,4%
- Hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: +0,4%
Por outro lado, as taxas negativas vieram de:
- Livros, jornais, revistas e papelaria: -2,1%
- Combustíveis e lubrificantes: -0,6%
- Outros artigos de uso pessoal e doméstico: -0,5%
No varejo ampliado, o segmento de veículos e motos, partes e peças teve alta de 2,3%, e material de construção avançou 0,1%.
Já o atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo não teve resultado divulgado por falta de base estatística suficiente para ajuste sazonal.
Vendas crescem em 16 estados
O levantamento do IBGE mostra que, na passagem de julho para agosto de 2025 (com ajuste sazonal), 16 das 27 unidades da Federação tiveram alta nas vendas do varejo.
Os destaques positivos foram: Rio Grande do Norte (+2,6%), Maranhão (+2,5%) e Paraíba (+1,9%)
Entre os 11 estados com retração, as maiores quedas ocorreram no Amapá (-4,3%), em Rondônia (-1,5%) e no Espírito Santo (-1,2%).
- 📩 Os bastidores do mercado direto no seu e-mail! Assine grátis e receba análises que fazem a diferença no seu bolso.
Receita nominal avança, mas desaceleração persiste
A receita nominal do varejo restrito, que mede o faturamento sem descontar a inflação, cresceu 0,5% em agosto, na comparação com julho. Em relação a agosto de 2024, o aumento foi de 5,4%.
No varejo ampliado, a receita nominal avançou 0,9% em agosto ante julho e 2,1% na comparação anual.
Douglas avalia que apesar de os números revelarem um movimento de recuperação do setor, o varejo continua em desaceleração em relação aos meses anteriores.
O especialista sinaliza que a parte mais sensível ao crédito subiu pelo segundo mês consecutivo, após três meses consecutivos de queda, mas acumula uma queda anual de 2,5%, revelando o impacto dos juros altos, que ainda deve ser observado nos próximos meses.