As recentes falências da financiadora de veículos Tricolor Holdings e da fornecedora de autopeças First Brands Group dão indícios de que os riscos no crédito privado nos Estados Unidos estão subestimados e que o mercado pode estar a beira de um colapso.
Durante teleconferência com analistas nesta terça-feira (14), Jamie Dimon, CEO do J.P. Morgan Chase, disse que “onde você vê uma barata, provavelmente há mais”, se referindo aos casos. Ambas faliram enquanto se endividavam rapidamente, atraídas por juros ainda relativamente baixos e promessas de altos retornos.
Para Dimon, uma eventual recessão nos EUA traria perdas de crédito acima do normal, especialmente em algumas categorias de empréstimos privados.
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O CEO chamou atenção para a desvalorização das ações das empresas de desenvolvimento de negócios (BDCs), vistas como um termômetro do mercado de crédito privado, um setor avaliado em cerca de US$ 1,7 trilhão, mostrou reportagem da Bloomberg.
Nos últimos meses, investidores vêm reduzindo suas posições nesses veículos, que cortaram pagamentos aos acionistas. O Blackstone Private Credit Fund, por exemplo, anunciou em setembro a redução dos dividendos distribuídos, refletindo margens mais apertadas.
Grandes bancos norte-americanos, como J.P. Morgan e Wells Fargo, possuem exposição ao crédito privado, financiando participantes que atuam fora do sistema bancário tradicional. As exposições, no entanto, estão concentradas em grandes operadores consolidados, reduzindo o risco de contágio direto, de acordo com o diretor financeiro do J.P. Morgan, Jeremy Barnum, e Michael Santomassimo, do Wells Fargo.
Crédito privado movimenta US$ 10,4 bilhões no Brasil
Enquanto nos EUA a bolha parece prestes a estourar, na América Latina, o crédito privado tem ganhado tração como uma fonte alternativa de financiamento, segundo relatório da agência de risco Moody’s.
Essa modalidade de crédito está se tornando valiosa à medida que as empresas priorizam o crescimento doméstico e investimentos em infraestrutura. A região tem visto uma demanda crescente por financiamento de infraestrutura e reestruturação de dívidas.
O crédito privado na América Latina atingiu USD 14,9 bilhões em ativos sob gestão (AUM) em dezembro de 2024, um aumento em comparação aos US$ 4,2 bilhões registrados em dezembro de 2015.
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O Brasil é o principal motor desse crescimento. O país responde por 70% dos ativos sob gestão (AUM) de crédito privado da região. México (14%) e Colômbia (10%) seguem o Brasil em participação regional.
A agência de risco atribui o crescimento a dois fatores principais:
- Limitação de financiamento público;
- Contenção bancária.
Historicamente, o investimento em infraestrutura na região dependia de recursos públicos. Contudo, pressões fiscais e desafios macroeconômicos, como taxas de juros elevadas e déficits fiscais, limitam a capacidade governamental de financiar projetos intensivos em capital.
Esse financiamento alternativo apoia empresas que não têm acesso a empréstimos bancários tradicionais. Projetos de transição energética (como energia renovável e eletrificação de transporte urbano) e infraestrutura digital estão entre as áreas beneficiadas.
Embora o crescimento regional tenha sido forte, a América Latina representa somente 0,6% do mercado global de crédito privado. Globalmente, a Moody’s projeta que os ativos sob gestão (AUM) aumentarão de US$ 1,7 trilhão para US$ 3 trilhões.









