O medo de uma possível crise no mercado de crédito dos Estados Unidos voltou a dominar o clima de Wall Street nesta quinta-feira (16) após os bancos regionais Zions e Western Alliance denunciarem alta inadimplência em empréstimos relacionada a um suposto esquema de fraude.
As ações do Zions despencaram 13,14%, após divulgar baixa contábil de US$ 50 milhões em empréstimo da subsidiária California Bank & Trust, em San Diego.
Já o Western Alliance amargou uma perda de 10,81%, após informar que concedeu crédito aos mesmos tomadores e ajuizou ação judicial contra o Cantor Group por fraude em garantias fiduciárias.
O índice VIX, conhecido como o termômetro do medo, disparou 22,6%, aos 25,3 pontos nesta quinta-feira, atingindo o maior patamar em seis meses.
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Tensão sobre o crédito impacta o mercado acionário
Nesta quinta-feira, as denúncias acenderam um alerta no mercado americano, refletindo imediatamente nos índices em Wall Street. Dow Jones fechou em queda de 0,65%, enquanto o S&P 500, caiu 0,63% e o Nasdaq, 0,47%.
O índice KBW Bank, que reúne ações de bancos americanos, encerrou a sessão em queda de 3,64% (com Zions e Western Alliance liderando as perdas do dia), enquanto o índice bancário regional dos EUA caiu 6%.
O ETF SPDR S&P, composto por bancos regionais dos EUA, recuou 2,4% antes da abertura do pregão, após registrar sua maior queda em seis meses
Já nesta sexta-feira (17) os índices buscavam a estabilidade na abertura: Dow Jones: +0,03%; S&P 500: -0,30% e Nasdaq: -0,42%
Ações do setor financeiro global também amanheceram em queda. Bancos europeus recuavam 2,5%, com Deutsche Bank e Barclays caindo mais de 5%, e Société Générale perdendo 4,6%. Nos EUA, Citigroup caiu 5,5% em Frankfurt, e JPMorgan recuou 3%.
Credores japoneses e seguradoras também sofreram perdas: Tokio Marine, Mizuho e Mitsubishi UFJ Financial Group caíram quase 3%, enquanto o QBE, da Austrália, recuou 9%
Fraudes e garantias questionáveis no mercado de crédito americano
A investigação da Zions revelou que notas promissórias e propriedades usadas como garantia foram transferidas para outras entidades, e algumas já estavam executadas ou prestes a ocorrer. O processo envolve dois fundos de investimento ligados a Andrew Stupin e Gerald Marcil.
O Western Alliance também emprestou US$ 98,6 milhões ao mesmo grupo. O banco constatou que as garantias deveriam ter penhor de primeira prioridade, mas isso não ocorreu.
Foram detectadas apólices de seguro falsas, e fundos foram retirados de contas de garantia, com saldo de apenas US$ 1.000, quando o exigido era US$ 2 milhões.
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Falências recentes acenderam alerta
Antes das denúncias, o mercado de crédito americano já havia recebido sinais de alerta e enfrentava problemas recentes com a Tricolor Holdings, financeira subprime, que pediu falência em setembro, afetando clientes com baixa pontuação de crédito.
Outra empresa que acendeu temores no setor foi a First Brands Group, fornecedora de autopeças, que entrou com pedido de falência do Capítulo 11.
O J.P. Morgan e o Fifth Third Bancorp divulgaram centenas de milhões em perdas vinculadas à Tricolor; enquanto o Jefferies Financial Group reportou exposição à First Brands.
Embora os maiores bancos possam absorver essas perdas, os impactos são mais severos para credores regionais, mais expostos a operações de alto risco.
Mercado de crédito à beira de um colapso
Sobre as preocupações com o mercado de crédito americano, o CEO do J.P. Morgan, Jamie Dimon, comentou: “Eu provavelmente não deveria dizer isso, mas, quando você vê uma barata, provavelmente há mais. Todos deveriam estar avisados sobre isso.”
A declaração está relacionada à análise de que o mercado pode estar à beira de um colapso, após os episódios recentes de falência da financiadora de veículos Tricolor Holdings e da fornecedora de autopeças First Brands Group, que contraíram alto endividamento, atraídas por juros ainda relativamente baixos e promessas de altos retornos.
Nesse contexto, a gestora Fidelity International, que administra US$ 800 bilhões, mantém visão negativa sobre crédito corporativo de alto risco (high yield) e ligeiramente negativa para crédito de grau de investimento (high grade).
Segundo a Fidelity, os spreads do high yield estão próximos aos níveis mais apertados da história, e fatores técnicos — aumento na emissão de novos papéis e rebaixamentos para “fallen angels” — superam elevações para “rising stars”.
A gestora alerta que pressões fiscais, inflação persistente e tarifas comerciais podem abrir nova onda de aversão ao risco.
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Percepção de risco aumenta busca por ativos seguros
O aumento da percepção de risco fez com que ativos considerados seguros se valorizassem: rendimentos dos Treasuries caíram, com a taxa do título de 10 anos passando de 4,033% para 3,973%, no menor nível desde abril.
na mesma direção, o ouro atingiu novo recorde, subindo 2,45% para US$ 4.304,60 por onça-troy no contrato futuro de dezembro.









