As ofertas de renda fixa movimentaram R$ 487,3 bilhões de janeiro a setembro de 2025, maior valor da história para o período, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Para Cesar Mindof, diretor da Anbima, o recorde da renda fixa está atrelado “ao cenário macroeconômico, com a taxa de juros (Selic) em patamar elevado”.
Considerando todos os instrumentos do mercado de capitais, o volume total chegou a R$ 528,5 bilhões, queda de 3,5% na comparação anual. Mesmo assim, setembro foi o segundo mês com maior captação de 2025, com R$ 74,9 bilhões, atrás somente de junho (R$ 82,6 bilhões).
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As debêntures, títulos de dívida emitidos por empresas para captar recursos, foram o principal destaque, com R$ 317,6 bilhões emitidos no ano — alta de 0,6% frente ao mesmo período de 2024.
Os recursos foram direcionados principalmente para infraestrutura (37%) e pagamento de dívidas (27,7%). As debêntures incentivadas, que oferecem benefício fiscal ao investidor pela Lei 12.431, também bateram recorde, somando R$ 113,6 bilhões, o equivalente a 36% do total captado com esse instrumento.
O setor de energia elétrica liderou as captações via debêntures, com R$ 78 bilhões, seguido por transportes e logística (R$ 55,8 bilhões), financeiro (R$ 40,7 bilhões), saneamento (R$ 27,4 bilhões) e petróleo e gás (R$ 21,2 bilhões).
Securitização avança e bate recordes
O segmento de securitização — que transforma recebíveis em títulos negociáveis — também registrou forte avanço. Os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) bateram recorde com R$ 61,1 bilhões em emissões até setembro, aumento de 16,8% frente a 2024.
O volume médio por operação foi de R$ 79,6 milhões, o menor entre os instrumentos, o que, segundo a Anbima, indica maior uso por empresas de menor porte.
Já os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) somaram R$ 29,3 bilhões, crescimento de 2,8%, enquanto os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) totalizaram R$ 34,5 bilhões, queda de 23,1%.
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Somando os títulos de securitização e debêntures de securitização, o volume total alcançou R$ 159,1 bilhões em 2025, representando 71% da quantidade de ofertas públicas de renda fixa no ano.
“Os títulos de securitização vêm atraindo cada vez mais empresas e investidores, ampliando seu papel no financiamento”, afirmou Guilherme Maranhão, presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da Anbima.
Duplicatas farão FIDCs atingir R$ 2,5 trilhões em 5 anos
De acordo com a CERC (Central de Recebíveis), o mercado de crédito vive uma “revolução invisível”, que deve fazer os FIDCs saltarem de pouco mais de R$ 600 bilhões para R$ 2,5 trilhões nos próximos cinco anos, considerando projeções conservadoras.
Dados inéditos mostram que o mercado de recebíveis no Brasil movimenta mais de R$ 30 trilhões anualmente, mas somente 13% (R$ 3,8 trilhões) é utilizado como crédito colateral — ou seja, garantia. Pensando nisso, a CERC aposta na transformação das duplicatas cartulares em duplicatas escriturais para ampliar esse mercado.
Em entrevista ao Canal Valores, parceiro do Monitor do Mercado, Joyce Saika, vice-presidente de Finanças, Relações Institucionais e Jurídico da Núclea, antiga Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP), explicou como a tokenização de duplicatas tem potencial para destravar até R$ 10 trilhões em crédito para o mercado, beneficiando diretamente empresas e investidores. Confira:
Mercado secundário e notas comerciais também batem recordes
No mercado secundário — onde investidores negociam títulos já emitidos —, o volume de debêntures movimentado cresceu 22,7%, atingindo o recorde de R$ 651,4 bilhões. O valor é mais que o dobro do volume de novas ofertas, sinalizando maior liquidez e maturidade desse produto.
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As notas comerciais, títulos de curto prazo usados para financiar empresas, também atingiram recorde no período, totalizando R$ 39,3 bilhões, alta de 13,5% em relação a 2024.
Já as emissões de Fundos Imobiliários (FIIs) somaram R$ 34,3 bilhões, queda de 7,6% na comparação anual.
Captações externas têm maior volume desde 2014
As emissões de renda fixa no mercado externo somaram US$ 29,2 bilhões entre janeiro e setembro, o maior volume para o período desde 2014. As empresas responderam pela maior parte do montante (US$ 17,1 bilhões), superando o total de US$ 20,1 bilhões emitidos em todo o ano passado.
Na análise do perfil dos prazos, os papéis com vencimento de 6 a 10 anos tiveram a maior participação, com 39,9% do total.









