Durante décadas, muitos de nossos pais e avós cresceram acreditando que, após certa idade, as pessoas simplesmente “são como são”. O famoso ditado “cachorro velho não aprende truque novo” expressa exatamente essa crença: a de que, na vida adulta, já estamos prontos e não podemos mudar.
No entanto, as descobertas da neurociência nas últimas décadas mostram que essa ideia não poderia estar mais equivocada.
O poder da neuroplasticidade
A ciência moderna comprova que o cérebro humano é uma estrutura viva, plástica e adaptável. O termo neuroplasticidade descreve a capacidade do cérebro de se reorganizar, criando novas conexões neurais ao longo da vida.
Segundo o neurocientista Norman Doidge, autor de O Cérebro que se Transforma (2007), “todo ato de aprendizado físico ou mental altera o cérebro”. Em outras palavras, cada nova experiência deixa marcas estruturais no nosso sistema nervoso.
Essa descoberta desmantela a antiga visão de que o cérebro atinge um “ponto final” de desenvolvimento na idade adulta. Pelo contrário: como demonstraram os estudos de Michael Merzenich, um dos pioneiros da neuroplasticidade, a mente humana continua capaz de se adaptar, recuperar e evoluir, mesmo em idades avançadas.
Aprender, desaprender e reaprender
O futurista Alvin Toffler, em O Choque do Futuro (1970), já previa que “os analfabetos do século XXI não serão aqueles que não sabem ler e escrever, mas aqueles que não sabem aprender, desaprender e reaprender”. Essa frase, décadas à frente de seu tempo, traduz o cerne da neuroplasticidade: a habilidade de reconstruir o próprio modo de pensar.
Aprender algo novo, um idioma, um instrumento, uma habilidade profissional, estimula o cérebro a formar novas sinapses. Da mesma forma, abandonar velhos hábitos e crenças desatualizadas é um processo ativo de “desaprendizado” que exige esforço, mas traz crescimento.
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Do pensamento à ação
Saber que o cérebro é capaz de mudar é inspirador, mas de pouco adianta se essa compreensão não for acompanhada de prática. Carol Dweck, pesquisadora de Stanford e autora de Mindset: A Nova Psicologia do Sucesso (2006), demonstrou que acreditar na própria capacidade de desenvolvimento, o chamado mindset de crescimento, é um dos principais motores da transformação pessoal e profissional.
Portanto, se temos em nossas mãos (ou melhor, em nossos neurônios) uma incrível capacidade biológica de adaptação, cabe a nós usá-la conscientemente. Em vez de somente refletir sobre o que precisa mudar, é hora de colocar o cérebro em movimento: transformar pensamento em ação, e adaptação em prática.
Ou seja, não existe “idade para aprender”, mas sim disposição para praticar. O cérebro humano é um organismo em constante construção e a cada nova experiência, pensamento ou hábito, ele se renova. Em última instância, somos arquitetos da nossa própria mente.









