Os mercados de commodities agrícolas operam com expectativa em torno do encontro entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da China, Xi Jinping, marcado para às 23h desta quarta-feira (29).
O possível acordo comercial entre os dois países reacendeu o apetite chinês por soja americana e trouxe volatilidade para commodities como café, milho e boi gordo.
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Segundo Guto Gioielli, analista e fundador do Portal das Commodities, o movimento de retomada das compras chinesas indica uma sinalização positiva de diálogo.
“A estatal chinesa Cofco comprou cerca de 180 mil toneladas de soja americana da safra 2025/26, com embarques previstos entre dezembro e janeiro. É a primeira compra dessa safra, e isso mostra que há interesse em fechar um acordo”, explicou. Confira a análise na íntegra:
Compras chinesas impulsionam preços da soja, mas podem pressionar Brasil
As cotações da soja encerraram o pregão em leve alta, acumulando ganhos de 3,5% nas duas sessões anteriores. O otimismo, no entanto, vem acompanhado de cautela. Caso o acordo entre Estados Unidos e China avance, as exportações americanas devem se intensificar, reduzindo a demanda pela soja brasileira.
Analistas do Rabobank projetam que o eventual aumento das vendas dos EUA à China pode derrubar o prêmio da soja brasileira — diferença entre o preço pago nos portos nacionais e a cotação internacional —, tornando o grão nacional menos competitivo.
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A analista de cereais, grãos e oleaginosas, Marcela Marini, do Rabobank, afirmou que a retomada do comércio sino-americano pode pressionar o prêmio e os preços no Brasil.
“Se o acordo se confirmar, os embarques americanos para a China devem crescer a partir de novembro, e o Brasil pode perder parte da demanda que sustentou os embarques recordes de 111 milhões de toneladas em 2025”, disse durante o evento Perspectivas para o Agronegócio 2026, realizado nesta quarta.
No campo, o plantio da soja segue atrasado no Brasil. Segundo a consultoria AG Resource, o país semeou 34% da área até o momento, abaixo dos 37% registrados no mesmo período do ano passado.
O único estado adiantado é o Mato Grosso, com 10% de avanço sobre 2024 — o que mantém o risco de atraso na segunda safra de milho em 2026.
Café: recuperação técnica e expectativa de alívio em 2026
O café arábica segue em movimento de correção após dias de volatilidade. Gioielli observa que as recentes altas são vistas pelo mercado apenas como recuperação técnica, e os preços podem voltar a ceder no curto prazo.
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Relatório do Rabobank indica que a oferta global de café deve se normalizar em 2026, após quatro anos de déficit, o que tende a aliviar os preços.
O banco estima um superávit de 3,3 milhões de sacas para o balanço global de 2026, com cotações recuando da faixa de US$ 3,80 para algo entre US$ 3,10 e US$ 3,50 por libra-peso no segundo semestre do próximo ano.
O analista acrescenta que o café brasileiro pode ser um dos primeiros produtos a entrar em uma eventual negociação comercial entre Brasil e Estados Unidos, caso as conversas avancem.
Projeções para as demais commodities
Enquanto o cenário internacional pressiona os preços, o milho encontra suporte na demanda doméstica. O Rabobank estima que o consumo interno deve atingir 97 milhões de toneladas em 2026, alta de 7% frente a 2025, impulsionado pelo aumento da produção de etanol de milho e pelo crescimento dos setores de aves e suínos.
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Mesmo com uma safra recorde prevista em 142 milhões de toneladas, os preços médios do cereal em Mato Grosso seguem cerca de 19% acima dos níveis de 2024.
“Essa dinâmica marca uma mudança estrutural: o consumo interno passou a ser o principal fator de formação de preços no Brasil, reduzindo o impacto das pressões externas”, avaliou Marini.
O mercado do boi gordo continua mostrando firmeza. O Indicador Cepea/Esalq fechou o dia com alta de 0,45% no valor à vista, cotado a R$ 314,30 por arroba, e já há registros de negócios pontuais a R$ 325. O encurtamento das escalas de abate tem levado frigoríficos a aumentar os preços oferecidos por lotes prontos.
Gioielli afirma que o movimento é típico de recomposição de estoques e pode sustentar as cotações nas próximas semanas.









