O bitcoin encerrou outubro em queda de 3,93% revertendo a lógica do “uptober” — mês em que há a maior alta média da criptomoeda desde o seu lançamento —, e teve a sua primeira baixa para o mês desde 2018.
No ano passado, o bitcoin avançou 10% em outubro. Nesse ano, analistas apontam que o momento de transição no ciclo macroeconômico influenciou para o desempenho negativo da cripto.
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Em estudo elaborado a pedido do Monitor do Mercado, a equipe de analistas da Altside, consultoria de investimentos especializada no mercado cripto, apontou os principais fatores que pesam sobre os preços:
- Incertezas macroeconômicas e geopolíticas gerais;
- O shutdown do governo americano, que impede a divulgação de relatórios econômicos importantes, como os dados do mercado de trabalho;
- Mercado segue “traumatizado” pela queda após as novas tarifas de Trump contra a China em 10 de outubro.
Cautela de Jerome Powell influenciou em queda do Bitcoin
Outro fator mencionado por analistas são os juros dos Estados Unidos, que foram reduzidos em 0,25 ponto percentual na última quarta-feira (29), assim como o mercado já esperava. Mas o tom cauteloso adotado por Jerome Powell em seu discurso sobre os próximos passos do Federal Reserve limitou o apetite por risco.
Em entrevista ao Monitor, a analista de criptoativos do Bitybank, Sarah Uska, afirmou que apesar da correção, o movimento não representa uma reversão estrutural e uma retomada no último bimestre do ano é bem factível com o início do ciclo de cortes e a continuidade do interesse institucional via ETFs.
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“As reservas de Bitcoin em exchanges caíram cerca de 55 mil unidades no fim do mês, indicando que investidores seguem retirando moedas do mercado, o que tende a reduzir a pressão vendedora”, explicou Sarah.
A falta de dados econômicos em meio a paralisação do governo norte-americano também afeta as criptos pois deixam o mercado “às escuras”.
Bitcoin se recupera mais devagar que o S&P 500
Ao longo do estudo, a Altside mostra como o setor cripto leva mais tempo para se recuperar, em contraste com o S&P 500, que renova máximas e se aproximam dos 7.000 pontos.
Entretanto, a equipe liderada por Felipe Mendes, CEO da Altside, aponta que há uma correlação significativa entre o índice da NYSE e o preço do bitcoin (imagem abaixo), reforçando a tese sobre a influência macroeconômica na cripto.

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Amadurecimento do mercado
Desde o ciclo de 2021, quando El Salvador legalizou o uso de Bitcoin como uma moeda corrente, o mercado mudou, segundo o advogado Felipe Ojeda, presidente da Comissão Criptomoedas da OAB de São Caetano do Sul.
“Nos últimos anos, nós temos um mercado diferenciado, com investidores institucionais entrando, companhias Bitcoin Treasuries, nós temos muitas novidades no mercado […] Acredito que a tendência é que o ciclo se torne cada vez mais ameno e menos abrupto”, analisa Ojeda.
Na visão da Altside, o mercado é influenciado pela institucionalização crescente, com a entrada de capital por meio de ETFs e Treasury Companies, e pela evolução da regulação. Esses elementos fortalecem a credibilidade e geram uma tendência de redução da volatilidade histórica do Bitcoin, indicando um amadurecimento.
Ao analisar o mercado, a aversão ao risco está entre os motivos para a queda das criptomoedas. Utilizando o ISM PMI (métrica comum para avaliar o ciclo de negócios), a consultoria explica que o mercado tende a arriscar mais quando ele está acima de 50 (expansão) e acelerando.

Nos últimos três anos, o ISM PMI teve dificuldade em se sustentar acima de 50, principalmente porque as condições financeiras (juros, DXY, petróleo) permaneceram restritas por mais tempo.
No entanto, o indicador Global Economy Index sugere uma narrativa diferente: o mercado já completou um “miniciclo” de negócios e iniciou um totalmente novo.
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Oportunidade para os investidores?
Apesar do momento negativo, Ojeda não considera que o bitcoin passe por uma queda significativa, mas sim por uma pequena correção natural após romper as faixas de US$ 126 mil no topo histórico.
Nesta terça-feira (4), o bitcoin opera no pior patamar desde 23 de junho, com uma queda de 4,93%, aos US$ 101.309,60. Assim como Sarah Uska — que acredita em uma retomada neste fim de ano — Ojeda não espera que o ativo fique abaixo dos US$ 100 mil.
“Eu sempre recomendo que os investidores, incluindo os que estão começando a investir, comprem. Não pensem no bitcoin como um investimento, mas como uma poupança. Compre nem que seja valores baixos. É melhor comprar pouco e aprender a operar, do que um dia precisar e não ter na carteira”, disse Ojeda.
Na análise da Altside, no entanto, o posicionamento de curto prazo é de cautela (“Outono”), com uma “frente fria” se aproximando. O foco agora é procurar bons pontos para realização (fazer caixa) e assegurar os rendimentos obtidos.
Os analistas apontam que, se o preço romper abaixo de US$ 100 mil, é um sinal de alerta, e se romper a região de US$ 97.000 a US$ 95.000, as teses de mercado precisarão ser reavaliadas.









