A semana começou com uma surpresa na Argentina: Javier Milei obteve uma vitória expressiva nas eleições legislativas, conquistando o dobro dos assentos previstos para seu partido e consolidando apoio político para avançar com suas reformas econômicas.
O resultado reforçou a percepção de uma guinada política na América Latina, marcada pelo enfraquecimento do populismo e pela ascensão de uma agenda pró-mercado. O movimento já havia sido sinalizado com a vitória de Daniel Noboa no Equador, em 2023, e, neste ano, com a eleição de Luis Fernando Camacho na Bolívia.
No Brasil, a “Operação Contenção”, no Rio de Janeiro, dominou as manchetes e trouxe de volta o debate sobre segurança pública — tema que tende a ser decisivo nas eleições presidenciais de 2026.
Apesar do avanço na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, analistas destacam que a segurança pública segue sendo um ponto sensível de sua gestão. A declaração de Lula de que “traficante também é vítima do usuário” gerou críticas e evidenciou divergência entre o governo e a percepção da população, que, segundo pesquisa da CNN, apoia majoritariamente a operação, com cerca de dois terços de aprovação.
Nesta sexta-feira (31), o Monitor do Mercado traz mais uma edição do quadro “A Semana em 5 Minutos”, resumo semanal direto e sem enrolação assinado por Gil Carneiro.
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“A luta contra a criminalidade organizada é muito difícil, porque a criminalidade é organizada, mas nós não” – A. Amurri.
Brasil: política e indicadores econômicos
A reunião entre Lula e Donald Trump foi considerada um avanço diplomático, abrindo um canal de diálogo entre os líderes. Embora não tenha havido mudanças concretas nas tarifas sobre produtos brasileiros, equipes técnicas dos dois países devem se reunir nos próximos dias para discutir ajustes comerciais.
Em Brasília, a Câmara dos Deputados adotou uma estratégia para resgatar parte das medidas da Medida Provisória 1303, conhecida como MP do IOF, que havia perdido validade. As propostas foram inseridas em outros projetos de lei — os chamados “jabutis”.
Um dos dispositivos incluídos na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026 prevê ampliar o número de deputados federais de 513 para 531. A proposta enfrenta resistência popular e já recebeu parecer contrário do Supremo Tribunal Federal (STF).
Dados econômicos
O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) registrou deflação de 0,36% em outubro, acima da projeção de queda de 0,23%, após alta de 0,42% em setembro. O resultado reforça o enfraquecimento das pressões inflacionárias, o que pode permitir ao Banco Central iniciar o ciclo de cortes da Selic em 2026.
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontou criação de 213 mil vagas formais em setembro, acima das 182 mil esperadas e das 147 mil de agosto. A taxa de desemprego caiu para 5,6%, o menor nível da série histórica.
Apesar do bom desempenho do mercado de trabalho, os estímulos fiscais do governo continuam sustentando parte da expansão, o que pode manter a pressão sobre a inflação e adiar os cortes de juros.
A dívida pública federal subiu para 78,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em setembro, alta de 0,6 ponto percentual frente a agosto e de 6,4 pontos desde o início do governo. Analistas projetam aumento adicional em 2026, ano eleitoral em que os gastos devem crescer.
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EUA: política monetária e resultados
O Federal Reserve reduziu a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para o intervalo entre 3,75% e 4% ao ano, conforme o esperado.
O presidente da instituição, Jerome Powell, afirmou que novos cortes não estão garantidos em dezembro, já que a paralisação do governo (shutdown) interrompeu a divulgação de indicadores importantes, como dados de salários, gastos pessoais e crescimento do PIB.
Mesmo com a incerteza, a temporada de balanços corporativos segue sustentando o otimismo. As grandes empresas de tecnologia — Amazon, Apple e Microsoft — reportaram forte crescimento de lucros, impulsionado pelo avanço da inteligência artificial, o que mantém o S&P 500 em trajetória positiva no ano.
China: trégua comercial com os EUA
O aguardado encontro entre Donald Trump e Xi Jinping resultou em uma trégua parcial na disputa comercial entre os dois países.
A China se comprometeu a retomar as compras de soja e outros produtos agrícolas dos EUA, o que pode reduzir a demanda pelos produtos brasileiros. Também suspendeu, por um ano, as restrições às exportações de terras raras — insumos essenciais para a indústria tecnológica norte-americana.
Em troca, os Estados Unidos anunciaram a redução de tarifas sobre produtos chineses. Embora ainda não haja um acordo abrangente, a trégua foi suficiente para manter o otimismo dos investidores globais.
Os mercados
O Ibovespa encerrou a semana em 149.379 pontos, alta de 2,2% no período e de 24,2% no acumulado de 2025. O movimento foi impulsionado pelo fluxo de capital estrangeiro e pelos resultados positivos das companhias listadas.
O dólar recuou 0,1%, fechando a R$ 5,38, e acumula queda de 12,9% no ano. Os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 subiram 4 pontos-base, para 13,85%.
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O Índice de Fundos Imobiliários (IFIX) avançou 0,4% na semana, acumulando alta de 15,3% no ano. Nos Estados Unidos, o S&P 500 subiu 0,7% e acumula ganho de 16,3% em 2025.
Entre as commodities, o ouro caiu 2,7%, cotado a US$ 3.998 por onça-troy, mas ainda acumula alta de 52% no ano. O petróleo Brent recuou 2,1%, para US$ 64,63 o barril.
Os rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano de 10 anos (Treasuries) subiram 10 pontos-base, a 4,10%, refletindo a cautela do Fed diante da falta de dados econômicos.









