Os analistas do Bank of América (BofA) mostraram preferência em Gerdau, Suzano e CBA no setor de commodities em meio ao atual cenário desafiador, em relatório produzido após conversas com mais de 40 investidores institucionais no Brasil.
Segundo a análise, eles se mostraram desconfortáveis com a alta volatilidade e falta de visibilidade que acometeu os investimentos nas companhias da América Latina recentemente devido a desafios como o conflito na Ucrânia, aumento do número de casos de covid na China, valorização do real, entre outros fatores externos. “Em geral, sinalizamos que a maioria dos investidores percebe a recente alta das commodities como resultado de um choque de oferta e acredita que pode ser de curta duração, devido às preocupações com a sustentabilidade da demanda. Nossas ações preferenciais dentro de nosso universo de cobertura são Gerdau, Suzano e CBA”, escreveram os analistas do BofA.
O BofA acredita que os investidores estão preocupados com a natureza binária de alguns desses fatores exógenos – particularmente o conflito Rússia-Ucrânia, pois o fim desta crise é visto como um risco para deflacionaros preços das commodities. “No entanto, percebemos que os investidores ainda estão comprados no setor e, entre as posições favorecidas, destacamos Gerdau e Vale. Gerdau e CBA se destacam como as posições mais “overweight” (com desempenho superior ao do seu índice de referência) e, embora a maioria dos investidores com quem conversamos possua [ações da] Vale, notamos que, em média, ela parece ser 6-8% do peso das posições dos fundos versus seu peso atual de cerca de 16% no Ibovespa.”
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O relatório o BofA também cita que os investidores pareciam estar desfazendo posições na Usiminas e alguns até a utilizavam como financiamento devido a preocupações com custos (particularmente placas e carvão). Os analistas também viram posicionamento muito leve entre as empresas de celulose Suzano e Klabin e notaram muito pouco interesse na CSN/CSN Mineração.
Os investidores também consideraram muito baixista a estimativa do banco de queda de 6% na produção de aço bruto na China (a maioria espera queda de 1-3%) e que os estoques de minério de ferro em 150-160Mt pareciam altos, além de não verem razões que justifiquem os preços atuais do insumo. A maioria está esperando por mais estímulos na China e acredita que a meta de crescimento de 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país asiático para 2022 implica mais flexibilização à frente, o que deve manter o minério de ferro bem sustentado acima de US$ 100/t. “No entanto, notamos uma falta geral de confiança sobre o nível atual de preços (US$ 150-155/t) e percebemos a maioria dos investidores posicionados em Vale mais como uma estratégia de negociação (os fluxos estrangeiros para o Brasil têm sido fortes e a Vale é uma beneficiária-chave) e estão antecipando mais estímulos à frente.”
Embora os investidores tenham sinalizado que a Vale parece atraente com os preços do minério de ferro em US$ 120-130/t para 2022, a maioria concordou que seria difícil continuar posicionada se o minério de ferro começar corrigir, o que acabaria arrastando o preço das ações com ele.
Camila Brunelli / Agência CMA
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