A Embraer (EMBJ3) registrou lucro líquido ajustado de R$ 289,4 milhões no terceiro trimestre, queda de 76,4% na comparação anual, segundo o balanço da companhia divulgado nesta terça-feira (4).
Como resultado, os papéis EMBJ3 (ex-EMBR3) recuavam 4,27%, a R$ 83,54, às 14h45 (horário de Brasília), figurando como a maior queda do Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, nesta tarde.
Segundo a empresa, o resultado foi afetado por desempenho menor em Aviação Executiva e Serviços & Suporte, além do impacto de tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos, que somaram US$ 17 milhões no trimestre.
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A fabricante apurou receita líquida consolidada de R$ 10,9 bilhões, aumento de 16% sobre o terceiro trimestre de 2024, impulsionada pelos segmentos de Aviação Comercial (+28%) e Defesa & Segurança (+4%). Mesmo assim, o Ebitda ajustado caiu 35%, para R$ 1,27 bilhão, e a margem Ebitda recuou de 21,1% para 11,7%.
Custos com tarifas e efeito Boeing
A Embraer explicou que o desempenho de 2024 havia sido impulsionado por um ganho não recorrente de US$ 150 milhões, decorrente de um acordo de arbitragem com a Boeing, o que elevou a base de comparação. O Ebit ajustado, excluindo itens extraordinários, foi de R$ 927,2 milhões, com margem de 8,5%.
O diretor de Relações com Investidores, Guilherme Paiva, afirmou que o impacto tarifário deve ficar abaixo do previsto inicialmente, de US$ 60 milhões a US$ 65 milhões em 2025.
“A companhia tem trabalhado intensamente para reduzir essa exposição e esperamos encerrar o ano abaixo do valor originalmente informado”, disse.
Ao Broadcast, o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, destacou, porém, que o impacto pode ser maior em 2026 se as alíquotas não forem retiradas. “Os reflexos continuam sendo relevantes e podem ser muito maiores no próximo ano”, afirmou.
Guidance da Embraer é mantido
O CFO Antonio Garcia reiterou que a companhia está no caminho para cumprir as projeções do ano. A Embraer manteve o guidance de receita entre US$ 7 bilhões e US$ 7,5 bilhões e margem Ebit ajustada entre 7,5% e 8,3%. Para o fluxo de caixa livre ajustado, a estimativa segue em US$ 200 milhões ou mais.
Em 2025, a empresa já entregou 46 aeronaves comerciais e 102 executivas. A meta para o ano é de 77 a 85 aeronaves comerciais e 145 a 155 executivas.
A dívida líquida, medida sem a subsidiária Eve, caiu para 0,5 vez o Ebitda ajustado, ante 1,3 vez um ano antes. Segundo Gomes Neto, a fabricante deve encerrar 2025 com dívida próxima de zero.
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Eve amplia prejuízo e caixa
A Eve, subsidiária da Embraer voltada ao desenvolvimento de aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical (eVTOLs), registrou prejuízo líquido de US$ 46,9 milhões, alta de 31% em um ano. A perda foi causada pelo avanço das despesas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), que cresceram 38,5%.
A empresa encerrou setembro com US$ 411,7 milhões em caixa, o maior nível desde o IPO, e liquidez total de US$ 534,3 milhões, suficiente para cobrir mais de dois anos de operação.
Citi recomenda compra de Embraer
Para o Citi, o balanço do terceiro trimestre foi “positivo”, com lucro líquido ajustado de US$ 54 milhões, superando as expectativas do banco, que previa US$ 48 milhões. O Citi manteve recomendação de compra para as ações da Embraer, com preço-alvo de US$ 70 para os ADRs.
Os analistas apontam que eventuais problemas em motores da concorrente Airbus A220 podem beneficiar o segmento comercial da Embraer, já que o modelo E2 usa uma versão mais nova do motor Pratt & Whitney.









