A Petrobras (PETR3; PETR4) superou as previsões do mercado e registrou um lucro de US$ 6 bilhões (R$ 32,7 bilhões) no terceiro trimestre. Após o resultado, a estatal anunciou que distribuirá R$ 12,1 bilhões em dividendos, o que gerou críticas da Federação Única dos Petroleiros (FUP).
O sindicato criticou duramente a decisão, alegando que a estatal prioriza acionistas — em sua maioria estrangeiros — enquanto impõe restrições nas negociações salariais e reduz investimentos em benefícios aos trabalhadores.
A petroleira afirmou que os dividendos intercalares serão pagos em duas parcelas (20 de fevereiro e 20 de março de 2026), com base na posição acionária de 22 de dezembro.
“É inadmissível manter uma política de distribuição de altíssimos dividendos da Petrobras, a maior parte para estrangeiros, enquanto há corte de gastos com trabalhadores e terceirizados”, afirmou o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.
Lucro e política de remuneração da Petrobras
O lucro líquido de US$ 6 bilhões superou em 47% as estimativas do mercado, que esperava resultado próximo de US$ 4 bilhões. O resultado, no entanto, não mexeu tanto com os papéis da companhia, que operam próximo da estabilidade na manhã desta sexta-feira (7).
No balanço, a Petrobras explicou que a sua política de remuneração prevê a distribuição de 45% do fluxo de caixa livre aos acionistas sempre que a dívida bruta permanecer abaixo do teto de US$ 75 bilhões — atualmente, o indicador está em US$ 70,7 bilhões.
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A estatal justificou o pagamento de dividendos afirmando que a decisão está “alinhada à política vigente” e reflete a geração de caixa consistente, mesmo em um cenário de preços mais baixos do petróleo e investimentos em alta, que somaram US$ 5,5 bilhões no trimestre, alta de 23,7% em um ano.
Produção mais alta compensou queda do Brent
O resultado foi impulsionado pelo aumento da produção de petróleo e gás, que ultrapassou 2,5 milhões de barris por dia, compensando a queda de 13,9% no preço médio do petróleo tipo Brent, que ficou em US$ 69,07 por barril.
O diretor financeiro da Petrobras, Fernando Melgarejo, afirmou que a estatal “entregou resultados sólidos mesmo com o novo patamar do petróleo”, e que o custo de produção subiu 8,9%, para US$ 6,30 por barril equivalente.
As receitas com exportações cresceram 11,1% em um ano, para US$ 6,9 bilhões, enquanto as vendas de derivados subiram 1,6%, totalizando US$ 22 bilhões. O fator de utilização do refino atingiu 94%, o maior nível do ano.
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Magda Chambriard defende resultados e produção recorde
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, celebrou o desempenho e afirmou que a companhia “segue preparada para os próximos 72 anos”.
“Quem apostar contra vai perder”, disse em publicação nas redes sociais.
Magda destacou que a produção de petróleo e gás ultrapassou 2,5 milhões de barris por dia, compensando a queda de 14% no preço médio do Brent, e que os investimentos cresceram 28,6% nos nove primeiros meses do ano.
Mercado dividido em recomendações para Petrobras
Para o Banco Safra, o resultado foi forte, sustentado pela produção maior e margens amplas em refino e comercialização. O banco mantém recomendação de compra (outperform) para PETR4, com preço-alvo de R$ 43, potencial de alta de 39%.
O Citi, por outro lado, manteve posição neutra, citando aumento do capex e da dívida líquida. O banco avalia que, embora o fluxo de caixa tenha subido 44% no trimestre, o crescimento das despesas de capital pressiona o ritmo de geração futura.







