A semana teve como destaque o comunicado pós-decisão do Banco Central (BC), que manteve a taxa Selic em 15%. A manutenção já era esperada, mas o mercado aguardava um sinal de que o início do ciclo de cortes estaria próximo — o que não ocorreu.
Nos Estados Unidos, uma forte correção nas ações de tecnologia, especialmente nas ligadas à inteligência artificial, derrubou bolsas ao redor do mundo. O movimento reacendeu o alerta entre analistas de que os valuations dessas empresas — ou seja, o valor de mercado atribuído a elas — estão excessivamente elevados e devem passar por um processo de correção.
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Nesta sexta-feira (7), o Monitor do Mercado traz mais uma edição do quadro “A Semana em 5 Minutos”, resumo semanal direto e sem enrolação assinado por Gil Carneiro. Clique aqui para começar a receber.
“Equilibrar o orçamento é como ir para o céu. Todos querem ir, mas ninguém quer fazer o que tem de ser feito para chegar lá”- Phil Gramm.
Brasil: projeto de ampliação da isenção do IR é aprovado
O Senado aprovou o projeto que isenta do Imposto de Renda (IR) pessoas físicas com rendimentos mensais de até R$ 5 mil. A medida deve beneficiar a base da população, mas representa uma renúncia fiscal significativa para o governo.
Para compensar a perda de arrecadação, o Executivo pretende taxar dividendos mensais acima de R$ 50 mil e criar um imposto mínimo sobre rendas anuais superiores a R$ 1,2 milhão. Também está prevista, para a próxima semana, a votação de uma proposta que aumenta tributos sobre apostas esportivas, bancos e fintechs.
O avanço dessas medidas no Congresso reforça a capacidade do governo em aprovar propostas de aumento de arrecadação e sinaliza que, por ora, o risco de deterioração das contas públicas está contido.
No entanto, analistas destacam que as mudanças têm caráter temporário e não resolvem os problemas estruturais do orçamento, como o crescimento dos gastos obrigatórios.
Indicadores econômicos e Selic
A produção industrial brasileira caiu 0,4% em setembro, resultado ligeiramente melhor do que a expectativa de retração de 0,5%. Na comparação anual, o setor cresceu 2%, acima da projeção de 1,7%.
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O Banco Central manteve a taxa Selic em 15% e, no comunicado pós-reunião do Copom, indicou que a política monetária continuará “significativamente contracionista” — conter inflação com juros altos — por um período prolongado.
Embora o BC tenha reconhecido a melhora no comportamento dos preços, afirmou que as expectativas seguem distantes da meta oficial de inflação. O mercado, diante do tom do comunicado, descartou cortes de juros em dezembro e janeiro, passando a projetar a primeira redução somente em março.
EUA: Suprema Corte e shutdown geram incertezas
Nos Estados Unidos, a Suprema Corte ainda avalia a legalidade das tarifas comerciais impostas durante o governo Trump. O mercado reagiu positivamente à possibilidade de reversão dessas tarifas, que poderia estimular o comércio internacional e aliviar pressões inflacionárias.
Enquanto isso, a paralisação parcial do governo americano (shutdown) completou 38 dias, o período mais longo da história. Cerca de 1,4 milhão de servidores públicos estão sem receber salários ou afastados, e milhões de pessoas correm risco de perder benefícios alimentares.
Projeções indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA pode cair até 1 ponto percentual no quarto trimestre, com o desemprego subindo para 4,5%.
Com a divulgação de dados oficiais suspensa, indicadores privados ganharam relevância. O relatório ADP mostrou criação de 42 mil vagas em outubro, mas a consultoria Challenger, Gray & Christmas reportou 153 mil demissões no mesmo mês — o maior número desde 2003, concentrado em tecnologia e logística.
Mercados
O tom firme do Banco Central após manter a taxa Selic pressionou os juros futuros, enquanto o dólar continuou em queda, impulsionado pela entrada de capital estrangeiro. O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 subiu 4 pontos-base, para 13,89%. Já o dólar acumula queda de 13,6% no ano frente ao real — desempenho superior ao observado contra outras moedas.
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Nos Estados Unidos, os índices S&P 500 e Nasdaq encerraram a semana em baixa, com forte realização de lucros nas ações de tecnologia, especialmente nas empresas de inteligência artificial.
O ouro manteve estabilidade ao redor de US$ 4.000 por onça-troy, enquanto o Bitcoin caiu abaixo de US$ 100 mil, refletindo maior aversão ao risco entre investidores de criptoativos.
O Ibovespa acumulou alta superior a 2,4% na semana e de 27% no ano. O índice é sustentado pelos balanços corporativos positivos e pelo múltiplo preço/lucro (P/L) médio de 9 vezes — abaixo da média histórica de 11 vezes, o que ainda sugere espaço para valorização.
Na próxima terça-feira (11), o Banco Central divulgará a ata do Copom, documento que deve detalhar o racional da decisão sobre a Selic e atualizar as projeções para a inflação.









