Por Rodrigo Luz*
Os psicólogos já sabem há décadas que emoções negativas restringem nossos pensamentos e ações. Esse mecanismo teve um papel essencial na evolução: medo, raiva e ansiedade nos mantinham alerta e vivos diante de ameaças reais.
No ambiente de trabalho moderno, porém, esse mesmo sistema se torna um obstáculo. Sob pressão constante, com medo de errar ou ser julgado, o cérebro ativa a mesma resposta que teria diante de um perigo físico: entra em modo de sobrevivência.
Quando isso acontece, a amígdala, área responsável pelas reações emocionais, assume o controle, liberando cortisol e adrenalina. O resultado é imediato: o córtex pré-frontal, região ligada à tomada de decisão, criatividade e pensamento estratégico, reduz sua atividade.
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É por isso que, em estados de estresse crônico, ficamos menos criativos, mais impulsivos e menos capazes de resolver problemas complexos. Não é falta de competência, é fisiologia cerebral.
Emoções positivas: o oposto da contração
A boa notícia é que o oposto também é verdadeiro. A psicóloga Barbara Fredrickson, uma das maiores referências da psicologia positiva, demonstrou que emoções positivas expandem a mente e constroem recursos duradouros: cognitivos, emocionais e sociais.
Curiosidade, gratidão, esperança e entusiasmo ativam neurotransmissores como dopamina e serotonina, ampliando o campo de atenção e estimulando conexões neurais. Isso não apenas melhora o humor, mas aumenta a capacidade real de aprender, inovar e decidir com clareza.
Em estudos com equipes corporativas, pessoas que relatavam mais emoções positivas demonstraram melhor desempenho, maior colaboração e maior adaptabilidade. O cérebro em estado positivo literalmente enxerga mais possibilidades.
O bem-estar como ferramenta de desempenho
A neurociência organizacional reforça que bem-estar não é um luxo, mas uma estratégia cognitiva. Pesquisas da Harvard Business Review mostram que profissionais em estados emocionais positivos são até 31% mais produtivos, têm 3 vezes mais criatividade e apresentam menor rotatividade.
Isso acontece porque o cérebro humano é altamente plástico, ou seja, moldável. Ao treinar a mente para buscar o que funciona, aprender com o erro e se conectar com emoções construtivas, criamos novos circuitos neurais de foco, autoconfiança e resiliência.
De forma prática, cultivar emoções positivas no trabalho não significa ignorar os problemas, mas mudar o estado mental com o qual lidamos com eles.
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Três práticas para aplicar agora:
- Regule o estresse conscientemente. Nomear uma emoção (“estou frustrado”, “estou ansioso”) reduz sua intensidade. Essa prática ativa o córtex pré-frontal e devolve o controle racional.
- Busque micro-momentos de positividade. Fredrickson chama assim pequenos instantes de bem-estar — uma conversa leve, um agradecimento, uma pausa consciente. Essas microexpansões somam-se e fortalecem o cérebro.
- Valorize o clima emocional da equipe. A pesquisadora Amy Edmondson, de Harvard, mostrou que equipes com segurança psicológica cometem menos erros e inovam mais. Ambientes de medo contraem o pensamento; ambientes de confiança o expandem.
Liderar com o cérebro, não com o estresse
O líder de alta performance de hoje é aquele que entende como o estado emocional coletivo influencia o resultado. Daniel Goleman já mostrava que até 90% da diferença entre líderes medianos e excepcionais está na inteligência emocional, não na técnica.
Liderar com clareza emocional significa reconhecer tensões sem as reproduzir. Um líder ansioso contamina o time; um líder emocionalmente estável regula o ambiente. O desempenho de uma equipe é, em grande parte, o reflexo do estado emocional do seu líder.
O cérebro procura o que você o treina para ver
O que você treina seu cérebro para enxergar, ele passa a procurar em todo lugar. Se você o alimenta com medo, ele detecta riscos. Se o treina com curiosidade e propósito, ele detecta oportunidades.
Essa é a essência da neuroplasticidade: o cérebro aprende aquilo que pratica. Ao treinar a mente para reagir com calma, pensar de forma ampla e conectar-se com emoções positivas, desenvolvemos um padrão neural de alta performance emocional.
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E essa é a verdadeira vantagem competitiva do profissional moderno: não apenas dominar ferramentas, mas dominar o próprio estado mental.
Emoções negativas ainda têm função: nos alertam, nos preparam. Mas permanecer presas nelas é o equivalente a dirigir com o freio de mão puxado.
Profissionais e líderes que aprendem a cultivar emoções positivas não vivem em negação, eles operam com maior inteligência biológica. Sabem que, para pensar melhor, é preciso sentir melhor.
O futuro da performance não está em fazer mais, mas em acessar o melhor que o cérebro pode oferecer. E isso começa dentro de cada um de nós, com a decisão de usar as emoções não como barreiras, mas como ferramentas para crescer.
*Rodrigo Luz é diretor de expansão da Wiser Investimentos | BTG Pactual.









