A Motiva (MOTV3), antiga CCR, concluiu o acordo para venda dos 20 aeroportos por R$ 11,5 bilhões. O negócio faz parte da estratégia de concentrar a atuação em rodovias e trilhos. A compradora é a Aeropuerto de Cancún, subsidiária da mexicana ASUR.
Do total negociado, R$ 5 bilhões serão pagos em equity, que representa a participação acionária nos ativos vendidos. Os R$ 6,5 bilhões restantes correspondem às dívidas líquidas associadas à CPC Holding, veículo que consolida as cotas dos 20 aeroportos.
A conclusão definitiva da venda está prevista para 2026, após aprovação do poder concedente e dos órgãos de defesa da concorrência. Até lá, a Motiva continuará operando os terminais e cumprindo contratos e investimentos já previstos.
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Redução da alavancagem
Os ativos foram avaliados a um múltiplo de 8,8 vezes EV/Ebitda. O indicador compara o valor da empresa (EV) com o Ebitda — lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização — usado para estimar geração de caixa operacional.
Os recursos serão utilizados para reduzir o endividamento consolidado. Com a operação, a alavancagem deve cair de 3,5 vezes para menos de 3 vezes.
Segundo a Motiva, a redução da dívida aumenta a capacidade financeira para disputar cerca de R$ 160 bilhões em novas concessões de rodovias, trens e metrôs mapeadas para os próximos anos.
Estratégia de portfólio da Motiva
O movimento se insere no plano de otimização iniciado em 2023, que inclui a saída da operação de Barcas (RJ) e ajustes contratuais da BR-163/MS, atual Motiva Pantanal. A empresa argumenta que a concentração em rodovias e trilhos permite maior eficiência e retorno.
“O avanço da reciclagem de capital amplia a capacidade de investimento em segmentos estratégicos”, disse o CEO Miguel Setas.
Avaliação do Citi
Para o Citi, a venda confirma a estratégia de longo prazo da Motiva e reforça a desalavancagem. O banco considera que a entrada de caixa melhora a estrutura de capital e abre espaço para dividendos mais elevados.
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Ainda assim, os analistas alertam que parte dos efeitos positivos pode já estar refletida no preço das ações, uma vez que o mercado acompanhava rumores sobre o negócio. Por isso, a recomendação permaneceu neutra, com preço-alvo de R$ 16 — potencial de valorização de 0,6%.
A área de aeroportos representou 15,6% do Ebitda consolidado nos 12 meses encerrados no terceiro trimestre de 2025. A dívida líquida desse segmento era de R$ 5,49 bilhões, o equivalente a 16,3% do endividamento total da Motiva.
O Citi aponta que a transação reduz riscos de concentração no setor aeroportuário, mas vê espaço limitado para novas altas do papel neste momento.









