O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, pode alcançar 300 mil pontos nos próximos dois anos caso o Brasil avance em reformas fiscais e contenção de gastos públicos. A projeção foi apresentada por Rogerio Freitas, head de investimentos do ASA, durante coletiva nesta quarta-feira (3).
Em conversa com jornalistas, Freitas traçou dois cenários distintos para o mercado brasileiro em 2026. Para ele, enquanto a Bolsa tem capacidade de brilhar no parâmetro positivo, o moderado/negativo pode não ser tão preocupante graças ao cenário externo.
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Ibovespa poderia dobrar de tamanho até 2027
Freitas explicou que, em um cenário de mudança de política econômica com controle de gastos, a taxa de juros real poderia recuar de 10% para algo próximo a 4%. Nesse ambiente, ativos de risco tenderiam a se valorizar
“A bolsa pode ir de 150 mil para 300 mil pontos. Não é algo para um mês, mas em um ciclo de um a dois anos, se houver avanço fiscal. A redução dos juros reais destravaria valor rapidamente”, afirmou o executivo.
Segundo ele, esse movimento seria impulsionado pela queda estrutural dos juros e pelo maior interesse em ativos de longa duração, como ações e NTNBs (títulos atrelados à inflação). ASA
“É um cenário condicionado a reformas e disciplina fiscal. Se isso acontecer, a bolsa pode dobrar”, reforçou.
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Cenário moderado tem avanço limitado
Se o país não avançar na agenda fiscal, a instituição financeira vê um segundo cenário, ainda positivo, mas com desempenho moderado. Os emergentes podem seguir beneficiados pelo ambiente global de repressão financeira — quando juros reais permanecem baixos e investidores buscam mais retorno.
“Mesmo sem mudança estrutural, o externo pode sustentar o mercado. O Brasil não teria o melhor cenário, mas pode continuar acompanhando seus pares”, disse Freitas.
Nesse caso, o Ibovespa poderia subir menos, mas ainda com suporte da renda variável, principalmente enquanto juros globais seguem em trajetória de queda.
Freitas explicou que a instituição vem aumentando, desde agosto, sua exposição ao risco nos portfólios, com destaque para:
- NTN-Bs (títulos indexados à inflação) como principal posição
- aumento de alocação em multimercados
- reforço gradual em Bolsa Brasil
Para ele, a NTN-B é o ativo mais eficiente para atravessar ambos os cenários, pois funciona no curto prazo e também no longo.
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Oportunidades fora do Brasil
Para o head de investimentos globais, Charles Ferraz, o momento internacional também deve influenciar ativos brasileiros. Segundo ele, o mundo pode entrar em uma fase de cortes de juros coordenados em 2025, o que tende a reprecificar ativos de renda fixa e ações.
Ferraz avaliou que o investidor brasileiro deve olhar para fora com mais atenção:
“O ciclo de afrouxamento monetário nos EUA tende a abrir janela para ativos de tecnologia e crédito global. Diversificação internacional será cada vez mais necessária.”
Ele reforçou que empresas dos EUA, especialmente as ligadas à digitalização e inteligência artificial, seguem com resultados sólidos e fluxo consistente, mas ressaltou que o momento exige cautela tática por causa da concentração do S&P 500.
“A economia americana desacelera, mas não colapsa. O mercado precifica cortes de juros e isso beneficia duration longa globalmente”, afirmou. Ferraz também citou oportunidades em crédito high grade e instrumentos com hedge cambial, que podem servir como complemento à renda fixa local.









