Com mais de 4.000 km de extensão, a lendária Rodovia Transamazônica (BR-230) foi um dos projetos mais ambiciosos da engenharia brasileira. Projetada durante o regime militar para integrar a Amazônia ao resto do país, ela é um símbolo da complexa relação entre desenvolvimento e meio ambiente.
Qual era o objetivo original da Rodovia Transamazônica?
Inaugurada na década de 1970, a Rodovia Transamazônica foi concebida com o lema “integrar para não entregar”. O objetivo era levar o desenvolvimento ao Norte do país, promover a colonização da região e criar uma ligação terrestre entre o Nordeste e a fronteira com o Peru.
O projeto visionava uma estrada totalmente pavimentada, cortando a maior floresta tropical do mundo. No entanto, a realidade se impôs, e grande parte da rodovia permanece sem asfalto até hoje, tornando-se um desafio de engenharia e logística.
Como é a aventura de percorrer esta estrada lendária?
Viajar pela Transamazônica é uma experiência para poucos. Nos trechos não pavimentados, a estrada se transforma em um mar de lama na estação chuvosa (o “inverno amazônico”) e em um deserto de poeira na estação seca. A travessia exige veículos 4×4, planejamento e muita resiliência.
A jornada revela um Brasil profundo, com paisagens deslumbrantes, comunidades ribeirinhas e os desafios sociais e ambientais da fronteira agrícola. É uma rota que expõe as veias abertas da Amazônia e a complexidade de sua ocupação.
Desafios da travessia:
- Atoleiros: Trechos de lama intransitáveis no período de chuvas.
- Pontes precárias: Muitas pontes de madeira exigem cautela.
- Isolamento: Longos trechos sem postos de combustível ou vilarejos.
Quais os principais impactos ambientais e sociais da rodovia?
A construção da Transamazônica é um dos capítulos mais controversos da história recente do Brasil. A abertura da estrada acelerou o desmatamento, a grilagem de terras e os conflitos com povos indígenas, criando um arco de devastação ao longo de seu trajeto.
O canal Câmera Record apresenta uma reportagem especial sobre a Rodovia Transamazônica, 50 anos após o início de sua construção:
A gestão desses impactos é um desafio constante para órgãos como o IBAMA. A rodovia é um exemplo clássico do dilema entre a necessidade de infraestrutura para o desenvolvimento e a urgência da conservação ambiental na Amazônia.
Qual a situação atual da BR-230 e seus projetos?
Grande parte da Transamazônica ainda aguarda pavimentação, um trabalho complexo e de alto custo tocado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). A obra avança lentamente, priorizando trechos mais populosos e de maior importância logística.
Apesar dos problemas, a rodovia é vital para o escoamento da produção e o abastecimento de dezenas de municípios. Ela conecta estados e realidades muito distintas, sendo um retrato fiel das contradições e da grandiosidade do território brasileiro.
| Característica | Transamazônica (BR-230) | Belém-Brasília (BR-153) |
| Extensão | Cerca de 4.260 km. | Cerca de 3.585 km. |
| Pavimentação | Parcial (grande parte de terra). | Totalmente pavimentada. |
| Principal Desafio | Condições climáticas e isolamento. | Tráfego intenso de caminhões. |

