O Banco Central informou que espera que a inflação acumulada em 12 meses convirja ao centro da meta, de 3%, apenas no primeiro trimestre de 2028, segundo o Relatório de Política Monetária (RPM), divulgado nesta quinta-feira (18).
A projeção do quarto trimestre de 2025 marca a primeira vez em que a autoridade monetária aponta explicitamente para a convergência.
No cenário de referência, o IPCA recua de 4,4% no fim de 2025 para 3,6% entre o primeiro e o terceiro trimestres de 2026. No encerramento do ano que vem, a inflação projetada é de 3,5%.
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Trajetória gradual da inflação
Segundo o BC, o IPCA deve seguir em desaceleração ao longo de 2027, ficando em 3,2% entre o primeiro e o terceiro trimestres e em 3,1% no fim do ano. Nos dois primeiros trimestres de 2028, a inflação acumulada em 12 meses alcançaria 3,0%.
As novas estimativas são entre 0,5 e 0,1 ponto porcentual menores do que as divulgadas no RPM de setembro. De acordo com o Banco Central, a revisão reflete o comportamento mais favorável da inflação no curto prazo, a melhora das expectativas e a queda dos preços de combustíveis, influenciada por dólar e petróleo mais baratos.
Por outro lado, o aumento da projeção do hiato do produto limitou uma redução maior nas estimativas.
Probabilidade de estouro da meta cai
O Banco Central reduziu de forma significativa a probabilidade de a inflação superar o teto da meta, de 4,5%, em 2025, de 71% para 26%. A chance de o IPCA ficar abaixo do piso, de 1,5%, permaneceu em zero.
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A partir deste ano, o regime de metas passou a ser contínuo, considerando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 12 meses. Se o índice permanecer fora do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, a meta é considerada descumprida.
Em 2026, a probabilidade de estouro do teto caiu de 26% para 23%. Para 2027, passou de 17% para 16%.
Projeções de crescimento do PIB
O Banco Central elevou a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 de 2,0% para 2,3%, em linha com a mediana do boletim Focus, de 2,25%.
A revisão incorpora mudanças nas estimativas para a agropecuária, cuja projeção passou de 9,0% para 11,0%, para a indústria, de 1,0% para 1,6%, e para os serviços, de 1,8% para 1,7%.
Pelo lado da demanda, houve ajustes no consumo das famílias, no consumo do governo, na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), nas exportações e nas importações.
Para 2026, a projeção de crescimento foi elevada de 1,5% para 1,6%, ainda abaixo da mediana do Focus, de 1,8%.
Na avaliação do BC, o crescimento moderado em 2026 reflete a manutenção da política monetária em campo restritivo, o baixo nível de ociosidade da economia, a desaceleração global esperada e a ausência do impulso agropecuário observado em 2025.
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Mercado vê corte de juros apenas a partir de março
Economistas avaliam que o RPM reforça uma postura cautelosa do Banco Central. Para Carlos Lopes, economista do Banco BV, o documento reduz a probabilidade de um corte da Selic já em janeiro.
Segundo ele, se o BC estivesse confortável para iniciar o ciclo de flexibilização, isso já estaria refletido na comunicação.
A avaliação é semelhante no Goldman Sachs. Para o banco, ainda não há sinais claros de espaço para um corte imediato, e a convergência da inflação apenas em 2028 sugere a necessidade de juros elevados por mais tempo.
O cenário-base do Goldman é de um corte inicial de 0,50 ponto porcentual em março, com Selic encerrando 2026 em 12,5%.
Apesar do tom cauteloso, parte do mercado vê espaço para início do ciclo de cortes no primeiro trimestre de 2026. O Itaú Unibanco avalia que a trajetória cadente das projeções de inflação reforça essa leitura.
Já Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, afirma que o início dos cortes em janeiro seria o cenário ideal, mas considera mais provável que a flexibilização comece em março.




