Uma mudança estrutural na legislação brasileira, consolidada pela Lei nº 14.534/2023, estabeleceu o CPF (Cadastro de Pessoas Físicas) como o número único e suficiente para a identificação do cidadão em todos os bancos de dados públicos. Esta transição, que entrou em sua fase definitiva de obrigatoriedade, altera drasticamente a forma como bancos, órgãos governamentais e cartórios processam a abertura de contas e o acesso a benefícios sociais.
Como o CPF se tornou o identificador universal?
Com a nova lei, o número do RG (Registro Geral), PIS, PASEP e outros títulos deixam de ser exigidos como identificadores principais. Agora, para qualquer serviço público, desde a matrícula em escolas até a emissão de prontuários médicos, o CPF é o único dado obrigatório. Portanto, órgãos federais, estaduais e municipais não podem mais recusar um atendimento sob a justificativa de falta de outros documentos, desde que o cidadão apresente o CPF.
A mudança visa desburocratizar o Estado e facilitar o cruzamento de dados. No entanto, isso exige que o cidadão mantenha sua situação cadastral rigorosamente “Regular” junto à Receita Federal para evitar o bloqueio de serviços essenciais.
| Situação do CPF | Impacto nos Serviços | Ação Necessária |
| Regular | Acesso total a contas e serviços. | Nenhuma ação imediata. |
| Pendente de Regularização | Impedimento em abertura de contas e concursos. | Entregar a declaração de Imposto de Renda em atraso. |
| Suspenso | Bloqueio de benefícios sociais e passaporte. | Corrigir dados biográficos no site da Receita Federal. |

Onde a abertura de contas bancárias fica mais rígida?
Embora o processo tenha se tornado mais simples (exigindo apenas um número), o cerco contra fraudes aumentou. As instituições financeiras agora utilizam o CPF para realizar consultas instantâneas em sistemas de inteligência que cruzam informações de renda, patrimônio e endereços. Consequentemente, CPFs com inconsistências mínimas (como um nome de mãe grafado incorretamente ou título de eleitor cancelado) podem travar a abertura de contas digitais e a concessão de crédito de forma automática.
A segurança cibernética também foi reforçada. A seguir, veja os pontos de atenção para quem utiliza serviços digitais:
- Validação Biométrica: A abertura de contas agora exige que a foto do rosto (selfie) coincida com a base de dados do governo vinculada ao seu CPF.
- Bloqueio de Serviços: Se o seu CPF for usado em tentativas de fraude, ele pode entrar em uma “lista cinza” que dificulta serviços em todos os bancos simultaneamente.
- Atualização Cadastral: Mudanças de estado civil ou nome devem ser atualizadas primeiro na Receita Federal para que os bancos permitam a alteração nos aplicativos.
Qual o impacto no acesso a serviços públicos?
A centralização no CPF facilita a concessão de benefícios como o Bolsa Família e o Seguro-Desemprego, pois o governo consegue verificar a elegibilidade do cidadão em tempo real. No entanto, o “CPF Irregular” tornou-se uma barreira intransponível. Sem ele em ordem, o cidadão não consegue emitir passaporte, renovar matrícula em universidades públicas ou assumir cargos em concursos.
A unificação também beneficia os cartórios. Agora, registros de imóveis e certidões de nascimento já saem com o número do CPF integrado, facilitando a rastreabilidade patrimonial e protegendo contra a falsidade ideológica. Assim, o Estado ganha eficiência e o cidadão, a longo prazo, ganha agilidade.

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Qual o papel da nova Carteira de Identidade Nacional (CIN)?
Para materializar essa mudança, foi criada a CIN (Carteira de Identidade Nacional), que não possui mais um “número de RG” próprio, mas apenas o CPF. Ela conta com um QR Code que permite a validação da autenticidade em qualquer lugar do país. Portanto, a transição para este novo documento é o passo final para que o cidadão esteja plenamente integrado ao novo sistema de identificação única.
A mudança na lei é um marco para a cidadania digital no Brasil. Ao simplificar a identificação, o país reduz custos operacionais e fecha as brechas para crimes de falsificação. Consequentemente, estar em dia com o fisco deixou de ser apenas uma questão tributária para se tornar o requisito básico de existência civil na era digital.





