Dona das marcas Sadia e Perdigão, a gigante BRF (BRFS3) está despencando na Bolsa. No acumulado desde o começo do ano, a queda foi de 12,67%. Só entre 27 de janeiro e 7 de fevereiro, os papéis despencaram mais de 20%.
Enquanto ela cai, no entanto, a concorrência está indo bem. Neste ano, a Marfrig já acumulou uma alta de 7,8%, enquanto a JBS subiu 4,65% até esta quinta-feira (10/2).
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Ainda que o dólar em alta costume ajudar as contas dos frigoríficos, a perspectiva é que a ação da BRF siga “espremida entre a pressão dos custos e a dificuldade de repasse do valor na carne”, afirma Leonardo Alencar, analista da XP Investimentos, head do setor de Agro, Alimentos e Bebidas.
Em entrevista exclusiva ao Monitor do Mercado, Alencar afirma que o que tirou a confiança do mercado na empresa foi justamente ela ter levantado R$ 5,4 bilhões com uma oferta de ações (follow on) no início de fevereiro.
Não que ter mais dinheiro seja ruim, mas a falta de planos claros para gastar esse valor causou estranheza, bem como o preço por ação na nova oferta (de R$ 20).
“A análise da BRF está muito mais focada na dinâmica do follow on e na emissão de ações do que nos fundamentos”, afirma Alencar. Ele afirma que a falta de clareza sobre uma possível fusão da empresa com a Marfrig também afasta os investidores do papel.
Há algo de errado com a empresa?
Alencar considera que a longo prazo, a BRF é uma empresa sólida, com bom portfólio de produtos e valor agregado, além de marcas fortes. Assim, seus papéis devem, sim, fixar-se em um patamar acima de R$ 20 no longo prazo.
A perspectiva da XP é de que a empresa divulgue resultados melhores no 4º semestre de 2021 em comparação ao 3º, que foi fortemente afetado pela frustração do mercado com as operações na Ásia.
O que a BRF fará com o dinheiro do follow on ainda é uma incógnita. Mas caso a empresa use este capital para sanar uma parte de suas dívidas, isso deverá ser tido como uma boa notícia, diz Alencar.
Recomendação de compra?
A XP não recomenda a compra das ações da BRF, mas definiu um preço-alvo de R$ 30 para ação. Já a area de research do BTG Pactual definiu o preço-alvo em R$ 25 — também sem recomendação de compra.
De acordo com Alencar, ela terá mais problemas do que suas concorrentes para repassar os aumentos dos custos para seus clientes, uma vez que depende mais do mercado nacional do que das exportações.
Imagem: divulgação / FIESP









