A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e a Secretaria de Transportes Metropolitanos (SMT) informaram que, após realizarem a concretagem da abertura da pista local da Marginal Tietê, em São Paulo (SP) onde ocorreu o rompimento e abertura de uma cratera, será feita a análise para estabelecer a necessidade da colocação de estacas para contenção da área, de acordo com o desempenho do trabalho já realizado. Tal análise determinará a possibilidade de liberação da pista, que poderá ocorrer em um prazo de três a nove dias.
“Na noite de ontem (2), foi finalizado o serviço de concretagem da abertura da pista local da Marginal Tietê. A abertura foi preenchida com 4 mil metros cúbicos (m/3) de concreto, o equivalente a 650 caminhões betoneira. Além disso, foram despejados 12 mil m/3 de pedras no poço VSE Aquinos, que corresponde a 1,2 mil caminhões basculantes. Mais de 220 colaboradores da STM, Sabesp e Linha Universidade atuaram na realização desses trabalhos”, disse a companhia, em nota.
A Sabesp e a SMT acompanham o andamento dos trabalhos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para apurar os fatos e possíveis causas do acidente no poço de ventilação da Linha-6 Laranja do metrô, a Linha Universidade, e do rompimento da tubulação de esgoto ao lado das obras.
Também ontem (2/2), o Diário Oficial do Estado publicou a constituição do comitê criado pelas secretarias dos Transportes Metropolitanos e de Infraestrutura e Meio Ambiente, para apurar e monitorar os fatos e responsabilidades relacionados ao incidente e o cumprimento das providências necessárias para resolver o caso.
O comitê ainda poderá convidar representantes de entidades da administração direta ou indireta do Estado de São Paulo, da Prefeitura Municipal de São Paulo e de Concessionárias de Serviços Públicos, para participar dos trabalhos. A primeira reunião, com a participação de 20 pessoas envolvidas na solução da situação, aconteceu no dia da ocorrência.
Na manhã de terça-feira (1/2), o canteiro de obras da Linha 6-Laranja do Metrô (Linha Universidade), localizado na pista local da Marginal Tietê, depois da Ponte do Piqueri, no sentido Rodovia Ayrton Senna, desmoronou e abriu uma cratera no local, que foi interditado ao tráfego de veículos.
CAUSAS DO ACIDENTE
As responsáveis pelas obras, a concessionária Linha Uni e a Acciona, informaram, em nota, que “com as informações disponíveis neste momento, o incidente ocorrido na Marginal Tietê não está relacionado diretamente ao desenvolvimento das obras da Linha 6-Laranja. Trata-se de um rompimento de um interceptor de esgoto.”
Segundo o Metrô, as causas que levaram ao rompimento do interceptor de esgoto da Sabesp e que inundaram dos túneis e poços da Linha 6-Laranja do Metrô ainda não são conhecidas, mas o acidente ocorreu logo após o “tatuzão” da Acciona concluir a escavação do primeiro trecho de túneis do ramal.
Os túneis escavados sobre o rio ficaram completamente inundados, incluindo o trecho onde está o tatuzão que começou a funcionar em dezembro. Não houve vítimas, mas imagens feitas no momento do rompimento mostram que o volume de esgoto inicialmente é pequeno e não chama a atenção das pessoas que estão perto do local, mas logo em seguida há uma inundação que faz os funcionários saírem as pressas do fundo do poço.
A Linha 6-Laranja (Linha Universidade) é uma parceria público-privada (PPP) lançada pelo Governo do Estado de São Paulo em 2013 e cujas obras deveriam ter sido concluídas em 2020 pelo consórcio Move São Paulo, formado pela construtoras Odebrecht, UTC e Queiroz Galvão, que foi atingido pela Operação Lava Jato, o que paralisou a obra por quatro anos.
A Concessionária Linha Universidade, sociedade de propósito específico (SPE) criada pelo grupo espanhol Acciona, assumiu a obra em 2020, e será responsável pela construção e operação do ramal por 19 anos. A linha terá 15 quilômetros de extensão e vai ligar a Brasilândia, na zona norte, à Estação São Joaquim, na região central da capital paulista, com estimativa de transportar mais de 630 mil passageiros por dia, segundo a concessionária.
Cynara Escobar / Agência CMA
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Imagem: Marcos Santos/USP Imagens