A rede de supermercados Carrefour voltou a ser alvo de protestos na internet, nesta quarta-feira (2/2). Dessa vez, os ataques vêm de pessoas contra a obrigatoriedade da vacina contra Covid-19.

Os chamados grupos antivacina passaram a criticar o mercado após uma loja da rede, em Diadema (SP), exigir comprovante de vacinação de seus clientes, cumprindo o que foi determinado por um decreto municipal da cidade.
Foi o bastante para inundar o Twitter com protestos como “Não é por nada, mas, o Carrefour está pedindo para ser cancelado de novo… “; “Carrefour, se prepare para voltar ao seu país comunista” (a rede é francesa); e “Não vacinados proibidos de entrar no Carrefour. E aí, vão aceitar? Ou vamos para a rua?”
A medida não é exclusiva do mercado Carrefour, que está cumprindo um Decreto Municipal publicado no dia 27 de janeiro, que exige o passaporte da vacina para entrar em todos os estabelecimentos e locais de uso coletivo públicos e privados a partir de fevereiro.
Ações em alta em 2022
As ações do Carrefour no Brasil (CRFB3) começaram o ano bem e já subiram cerca de 16% desde que começou 2022. No ano passado, a queda foi brutal e o preço dos papéis despecnou 21,3%, enquanto o Ibovespa caiu cerca de 12%.
A rede de supermercados coleciona polêmicas nos últimos anos. No dia 19 de novembro de 2020, João Alberto Silveira Freitas, homem negro de 40 anos, foi espancado até a morte por um policial militar e por um segurança terceirizado do supermercado. Ambos foram presos em flagrante e são investigados por homicídio qualificado.
Na segunda-feira (23/11), foi então anunciada pelo Carrefour a criação de um fundo de R$ 25 milhões para promover a inclusão racial e combater o racismo no Brasil. O número parece alto, mas só em 2020, cinco diretores receberam cerca de R$ 48 milhões.
Sobre a tragédia da morte de João Freitas, um fato curioso é que entre 20 e 25 de novembro, os papéis CRFB3 caíram 6,6%. De 27 a 30 de outubro, a queda foi de 8,3%, devido à divulgação dos seus resultados no terceiro trimestre do ano de 2020.
Este não foi o único caso de agressão da rede de supermercados. Funcionários da empresa, em São Bernardo do Campo no ABC Paulista, agrediram Luís Carlos Gomes, porque ele abriu uma lata de cerveja dentro da loja, após o o cliente ter afirmado que pagaria pelo item.
Gomes, que é deficiente físico, foi encurralado e sofreu um mata-leão, tendo múltiplas fraturas e, como sequela de uma cirurgia, ficou com uma perna mais curta que a outra.
Outro escândalo foi a morte de Moisés Santos, promotor de vendas do Carrefour de 53 anos, que faleceu em serviço e foi coberto com guarda-sóis e cercado por caixas, para que a loja seguisse em funcionamento. Moisés permaneceu no local entre 8h e 12h, até ser retirado pelo Instituto Médico Legal (IML).
Isso ocorreu em 14 de agosto de 2020, e as ações no dia encontravam-se em 20,19 reais. Em três semanas, no dia 4 de setembro, os papéis estavam em 20,62 reais.
Mesmo após todos esses escândalos, a rede de supermercados ainda tem um valor por ação maior do que há 5 anos.
Agora, o conflito com negacionistas entra no rol das polêmicas a serem “precificadas” pelo mercado.
*Imagem em destaque: Wikimedia Commons