O Federal Reserve (FED), banco central dos Estados Unidos, sinalizou nesta quarta-feira (26) que as taxas de juros da maior economia do mundo deverão subir já em março.
Para agora, Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do manteve a taxa de juros na faixa entre zero e 0,25% ao ano, mas anunciou que irá aumentá-la em breve, e também informou que irá encerrar a compra de ativos em março.
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O banco central, liderado por Jerome Powell, aprovou uma rodada final de recompra de títulos do Tesouro (US$ 20 bilhões) e títulos de hipotecas (US$ 10 bilhões).
Na decisão, o Fomc deixa claro que a mudança na política monetária atual é motivada pelo aumento da inflação e incertezas sobre a pandemia. O Comitê ressalta que apesar da queda nas taxas de desemprego, a relação de demanda e oferta, relacionadas com a reabertura da economia, continuam a elevar os níveis de inflação.
A variante Ômicron da Covid-19 é alvo de preocupação dos executivos do FED. “Os setores mais afetados pela pandemia melhoraram nos últimos meses, mas estão sendo afetados pelo recente aumento acentuado dos casos de COVID-19”, diz o comunicado.
Mudança no cenário brasileiro
A mudança da política de juros nos Estados Unidos, a ameaça de guerra na Ucrânia e o avanço da economia chinesa estão mudando o cenário de oportunidades para investimento no Brasil.
O ano começou com bolsas ao redor do mundo caindo e o dólar subindo, após o mercado ter acesso à última ata da reunião do banco central dos EUA, o Fed. Acontece que as autoridades do banco apontaram que o caminho da maior potência mundial é acelerar o aumento na taxa de juros para conter a inflação do país.
A perspectiva de alta dos juros americanos balançou as economias mundiais. A sangria afetou imediatamente setores de tecnologia, varejo e grandes importadores em geral.
Com o aumento do custo do dólar é possível perceber uma alta de preços generalizada, com um movimento em cascata nas economias globais, afetando os países que dependem da importação.
Mas isso não significa o fim das oportundiades para investidores brasileiros. A redução da taxa de juros chinesa e a expansão da economia do gigante asiático, por exemplo, podem trazer saídas para a economia brasileira.
”Aqui no Brasil a gente pode tanto surfar a expansão da China tanto quanto uma rotação (dos investimentos) nos mercados emergentes”, disse Igor Chede Collaço, consultor da Wise Investimentos.
A rotação à qual Collaço se refere é a recente retirada de investimentos de grandes players de mercados como da Rússia e Turquia, aumentando o fluxo de capital no Brasil e ajudando a impulsionar a economia.
Isso acontece porque tais investidores ainda buscam oportunidades em países emergentes, onde o risco é maior, mas as oportunidades de retorno também o são, explicou, no Café do Mercado, live diária promovida pelo Monitor do Mercado (veja aqui).
A instabilidade na Rússia, que ameaça entrar em guerra na Ucrânia, acaba favorecende a entrada de dinheiro estrangeiro no Brasil.
Leia a íntegra do comunicado do FED:
Em tradução livre:
Os indicadores de atividade econômica e emprego continuaram a se fortalecer. Os setores mais afetados pela pandemia melhoraram nos últimos meses, mas estão sendo afetados pelo recente aumento acentuado dos casos de COVID-19. O aumento do número de empregos foi sólido nos últimos meses, e a taxa de desemprego diminuiu substancialmente. Os desequilíbrios da oferta e da demanda relacionados à pandemia e a reabertura da economia continuaram a contribuir para níveis elevados de inflação. As condições financeiras gerais permanecem acomodatícias, refletindo em parte as medidas de política para apoiar a economia e o fluxo de crédito para famílias e empresas dos EUA.
A trajetória da economia continua a depender do curso do vírus. Espera-se que o progresso nas vacinações e a redução das restrições de oferta apoiem os ganhos contínuos na atividade econômica e no emprego, bem como a redução da inflação. Os riscos para as perspectivas econômicas permanecem, inclusive de novas variantes do vírus.
O Comitê busca alcançar o máximo de emprego e inflação à taxa de 2% no longo prazo. Em apoio a essas metas, o Comitê decidiu manter a faixa-alvo para a taxa de juros entre 0% a 0,25%. Com a inflação bem acima de 2% e um mercado de trabalho forte, o Comitê espera que em breve seja apropriado aumentar a meta para a taxa básica de juros. O Comitê decidiu continuar reduzindo o ritmo mensal de suas compras líquidas de ativos, encerrando-as no início de março. A partir de fevereiro, o Comitê aumentará suas participações em títulos do Tesouro em pelo menos US$ 20 bilhões por mês e em títulos lastreados em hipotecas de agências em pelo menos US$ 10 bilhões por mês. As compras e detenções de títulos em curso pelo Federal Reserve continuarão a promover o bom funcionamento do mercado e condições financeiras acomodatícias, apoiando assim o fluxo de crédito para famílias e empresas.
Ao avaliar a postura adequada da política monetária, o Comitê continuará monitorando as implicações das informações recebidas para as perspectivas econômicas. O Comitê estaria preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado caso surjam riscos que possam impedir a consecução dos objetivos do Comitê. As avaliações do Comitê levarão em conta uma ampla gama de informações, incluindo leituras sobre saúde pública, condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação e desenvolvimentos financeiros e internacionais.
Votaram pela ação de política monetária Jerome H. Powell, presidente; John C. Williams, vice-presidente; Michelle W. Bowman; Lael Brainard; James Bullard; Esther L. George; Patrick Harker; Loretta J. Mester; e Christopher J. Waller. Patrick Harker votou como membro suplente nesta reunião.
Em inglês:
Indicators of economic activity and employment have continued to strengthen. The sectors most adversely affected by the pandemic have improved in recent months but are being affected by the recent sharp rise in COVID-19 cases. Job gains have been solid in recent months, and the unemployment rate has declined substantially. Supply and demand imbalances related to the pandemic and the reopening of the economy have continued to contribute to elevated levels of inflation. Overall financial conditions remain accommodative, in part reflecting policy measures to support the economy and the flow of credit to U.S. households and businesses.
The path of the economy continues to depend on the course of the virus. Progress on vaccinations and an easing of supply constraints are expected to support continued gains in economic activity and employment as well as a reduction in inflation. Risks to the economic outlook remain, including from new variants of the virus.
The Committee seeks to achieve maximum employment and inflation at the rate of 2 percent over the longer run. In support of these goals, the Committee decided to keep the target range for the federal funds rate at 0 to 1/4 percent. With inflation well above 2 percent and a strong labor market, the Committee expects it will soon be appropriate to raise the target range for the federal funds rate. The Committee decided to continue to reduce the monthly pace of its net asset purchases, bringing them to an end in early March. Beginning in February, the Committee will increase its holdings of Treasury securities by at least $20 billion per month and of agency mortgage‑backed securities by at least $10 billion per month. The Federal Reserve’s ongoing purchases and holdings of securities will continue to foster smooth market functioning and accommodative financial conditions, thereby supporting the flow of credit to households and businesses.
In assessing the appropriate stance of monetary policy, the Committee will continue to monitor the implications of incoming information for the economic outlook. The Committee would be prepared to adjust the stance of monetary policy as appropriate if risks emerge that could impede the attainment of the Committee’s goals. The Committee’s assessments will take into account a wide range of information, including readings on public health, labor market conditions, inflation pressures and inflation expectations, and financial and international developments.
Voting for the monetary policy action were Jerome H. Powell, Chair; John C. Williams, Vice Chair; Michelle W. Bowman; Lael Brainard; James Bullard; Esther L. George; Patrick Harker; Loretta J. Mester; and Christopher J. Waller. Patrick Harker voted as an alternate member at this meeting.
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