É hora de deixar de lado as ações das empresas de growth. Essas são as companhias focadas em crescimento rápido, com um alto CAGR (Compound Annual Growth Rate) e muitas aquisições nos planos. Normalmente, atuam nos setores de tecnologia, bancos digitais, aluguel de veículos etc.
O problema não está nas empresas em si, mas na mudança do cenário econômico, com a perspectiva do aumento dos juros nos Estados Unidos.
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Em sua participação no Café da Manhã, programa diário do Monitor do Mercado, nesta quarta-feira (26), o consultor da Wise Investimentos Igor Chede Collaço afirma que a volatilidade sofrida por essas empresas com a mudança de cenário torna o momento mais propício para apostas em empresas mais estabelecidas, cujos fundamentos já se provaram sólidos (veja abaixo).
“É momento de deixar o growth de lado, justamente por conta de tudo isso que está acontecendo no macro e no micro, e ‘encarteirar’ empresas com fundamentos e que já se provaram e já passaram por muita coisa. Olhar no longo prazo”, sugere.
Por conta da alta de juros, investimentos nos setores de tecnologia, varejo e ações de crescimento não devem apresentar muito retorno no curto prazo, segundo análise do estrategista Eduardo Ohannes Marzbanian (CNPI-P).
A tese é semelhante à adotada pela Empiricus para recomendar a venda de ações do Nubank (NUBR33) e compra de papéis do Banco do Brasil (BBAS3). A ideia da empresa de research é que “acabou a era dos juros excepcionalmente baixos” e, com isso, estoura-se o que chama de bolha das techs não lucrativas. A precificação do Nubank, diz o estrategista Felipe Miranda, foi feita num cenário de “juro zero”, mas o aumento das taxas mudaria tudo.
Uma maneira de investir a longo prazo é focar nos setores em que a China tem forte parceria comercial com o Brasil, como o minério de ferro e commodities. O gigante asiático vem reduzindo suas taxas de juros, fazendo com que o país seja um “porto seguro” para a economia brasileira e para segurar a bolsa de valores.
Outro ponto que pode arrefecer a influência do Federal Economic Reserve (FED) na economia brasileira é o fato de que o Banco Central Europeu (BCE) já havia anunciado em 2021 ser “improvável” um aumento de juros em 2022, segundo a presidente do BCE, Christine Lagarde.
Porém, há uma imensa apreensão sobre a definição que o FED dará hoje (26) sobre sua postura em relação a inflação e a taxa de juros. A decisão do FED pode aumentar a volatilidade dos mercados mundiais, devido à incerteza sobre uma postura mais agressiva em relação ao aumento de juros ou uma postura mais amena, tendo em vista que há argumentos sólidos para as duas ocasiões.
Um dos aspectos que pode amenizar esse impacto na Bolsa brasileira é o fato de a economia do Brasil ser extremamente baseada em commodities, principalmente por conta do interesse chinês.
“A gente viu o minério de ferro saindo de US$ 85 há dois meses para quase US$ 140 nessa madrugada. E, feliz ou infelizmente, 40% da nossa bolsa é commodities”, lembra Igor
Outra questão que pode ajudar o mercado brasileiro é a rotação de mercados emergentes. Com a saída de dinheiro da Rússia, devido à conflitos internacionais, e de Turquia, por conta da ingerência do ano passado do Banco Central na taxa de juros, esse capital está vindo para investimentos no país e pode ajudar a segurar uma queda na Bolsa em 2022.