O aumento do desemprego e da inflação afastam os brasileiros das lojas, sejam elas físicas ou online, travando a valorização dos gigantes do varejo brasileiros, como Magazine Luiza, Lojas Americanas ou Casas Bahia.
Em um ano, as ações da Magalu (MGLU3) despencaram 73%, enquanto as da Via (dona das redes Casas Bahia e Ponto), VIIA3, caíram 60%, bem como as AMER3, das Americanas.
Elas vão na direção oposta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador da inflação, que fechou o ano de 2021 com um aumento de 10,06%, contabilizando a maior taxa acumulada no ano desde 2015.
A alta da inflação prejudica diretamente o varejo, principalmente devido à perda do poder de compra da população.
Soma-se a isso, o número de 14 milhões de desempregados em 2022, segundo previsão da Organização Internacional do Trabalho (OIT), e pelo menos 19 milhões de pessoas passando fome, com 55% das famílias em insegurança alimentar.
Empresas de varejo naturalmente têm baixas margens de lucro, uma vez que não são elas quem determinam o preço dos produtos, mas precisam acompanhar eles para competir com os distribuidores primários ou produtores que vendem diretamente.
O custo dos varejistas tem aumentado também com as adequações necessárias para as vendas online, já que elas geram alta demanda de pedidos para serem entregues em um curto período de tempo.
Segundo Thiago Raymon, estrategista-chefe da Wise Investimentos, isso sempre acontecerá dessa maneira no varejo: “A gente ve por ecemplo as margens da Magazine Luiza descendo há algum tempo, ela ainda por volta de 2%, e isso é muito baixo e sempre será baixo, a não ser em um oligopólio”.
Para investir no varejo durante um período de alta de inflação, é preciso tomar muito cuidado. Com certeza a compra de produtos no varejo irá diminuir, mas isso não necessariamente irá de impedir de investir.
Um primeiro fator a ser observado é o impacto que o Auxílio Brasil terá no poder de compra dos trabalhadores e se ele irá aumentar a inflação do país.
Outro aspecto que deve ser observado é que o investimento em empresas não acontece pelo valor que ela terá no momento de compra, mas sim no futuro. Então, aproveitar um momento de baixa para comprar ações e vendê-las a longo prazo pode ser uma opção.
“Essas empresas, falando agora especificamente de Magazine Luiza, mesmo sendo uma empresa que tem lucro, o valor dela está muito posicionado no futuro e no que ela vai ser, não do que ela é agora (…) Quando a gente tinha ali em 2020 um índice P/L de quase 200, a gente esperava que a Magazine Luiza fosse subir bem e se consolidar. Mas quando a taxa de juros pesa, a gente esperá que essas empresas que têm P/L maior, como tecnologia, vão sofrer mais”, disse Thiago Raymon.
O mencionado índice P/L é o indicador financeiro preço/lucro. De maneira simplificada, é o lucro líquido da empresa mais recente do período de um ano, dividido pelo número de ações. Quanto maior for o P/L, mais “cara” estaria a ação. Atualmente, o P/L da Magalu está em 58.