As economias emergentes da Ásia vão pagar pelo aumento da taxa de juros nos Estados Unidos, alerta o banco holandês Rabobank.
Em relatório sobre a vulnerabilidade da Ásia, o banco traz grandes preocupações para investidores.
A primeira grande pergunta é: seriam as economias emergentes asiáticas capazes de enfrentar a Ômicron e outras possíveis variantes?
A resposta é complexa. A população de vacinados na Malásia ou na Tailândia atingem níveis maiores ou iguais aos de países desenvolvidos, entretanto, Filipinas, Índia e Indonésia não chegam nem perto desses números.
A vacina que esses países majoritariamente distribuíram foi a Coronavac, que, aponta o banco, infelizmente, parece ser menos efetiva para frear a variante Ômicron.
Agora, se existisse outra vacina, as economias que já conseguiram vacinar uma parte considerável de sua população não deveriam ter problemas para distribuir e organizar outro mutirão da vacina, certo?
Na verdade, não. Caso haja uma nova vacina e ela seja distribuída da mesma forma da primeira, países como Indonésia e Índia precisariam de 25 semanas para vacinarem apenas 10% da população – em países desenvolvidos, o número cai para 10 semanas.
Além disso, as economias asiáticas demoraram muito mais para receber a primeira dose da vacina, tendo as Filipinas esperado 16 semanas para que ela se tornasse disponível.
O segundo grande desafio, explicado pelo relatório, é o financeiro – onde as políticas de juros de países desenvolvidos impactam.
Os países emergentes têm uma dívida externa enorme, que deve crescer ao lidar com UTIs lotadas, gastos com remédios, impacto na economia em caso quarentenas, gastos com vacinas, entre muitos outros.
O mercado, entretanto, não enxerga isso necessariamente com maus olhos, já que pode investir nos títulos de dívidas dos países – se as taxas de juros forem atraentes e o risco de inadimplência não seja alto.
A questão é que, quando economias desenvolvidas aumentam suas taxas de juros, não faz sentido para o investidor colocar seu dinheiro em outros países, já que terá acesso à mesma rentabilidade sem tirar seu capital de “casa”.
Caso o banco central dos EUA, FED, decida aumentar suas taxas de juros de forma mais rápida ou mais cedo do que o planejado, como afirmou em ata, os países emergentes e subdesenvolvidos terão um grande desafio pela frente.
Aos subdesenvolvidos, sobram duas opções, que não parecem nada boas: manter a taxa de juros e perder investidores, ou aumentar a taxa de juros e prejudicar suas contas públicas, aumentando as dívidas.
O banco conclui que os países emergentes enfrentarão grandes desafios para manter o equilíbrio econômico.
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