A culpa da retumbante inflação do Brasil em 2021, bem além do dobro da meta estabelecida pelo Banco Central, é do mercado internacional, acusa o presidente do BC, Roberto Campos Neto.
Em carta divulgada nesta terça-feira (11), o orgão afirma que 69% do motivo da alta da inflação neste ano, foi motivado pela “inflação importada”, ou seja, a “combinação de variação da taxa de câmbio e dos preços de commodities – incluindo petróleo”.
A inflação de 2021 alcançou 10,06% de alta, muito acima do dobro da meta de 3,75% ao ano – estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), em 2018. Por isso, o Banco é obrigado a divulgar uma carta aberta ao Ministro de Estado da Fazenda, que explique o motivo do descumprimento.
A alta, que mexeu com o mercado, foi motivada pela “inércia associada ao desvio da inflação do ano anterior em relação à sua meta”, a “diferença entre expectativas de inflação dos agentes e a meta para a inflação”, o “hiato do produto”, a “inflação importada” e a bandeira de energia elétrica.
A carta de Campos Neto afirma que a alta “significou a passagem da política monetária do campo expansionista para o território contracionista”.
Em dezembro, o Copom (Comitê de Política Monetária) fixou a taxa básica de juros em 9,25% ao ano e sinalizou um novo aumento de 1,5 ponto percentual na reunião de fevereiro. Esse aumento da taxa de juros é um dos meios que o Banco tem para controlar a inflação.
“Isso implica atribuir maior probabilidade para cenários alternativos que considerem taxas neutras de juros mais elevadas. O Copom reitera que o processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira segue sendo essencial para o crescimento sustentável da economia”, afirma o BC.
O presidente do BC também defende a aprovação de reformas estruturais para ajustar as contas públicas para “elevar a taxa de juros estrutural da economia”
A projeção do Banco Central é que “a inflação entre em trajetória de queda já no início de 2022, terminando o ano em patamar significativamente inferior ao de 2021”. Segundo o Relatório de Inflação de dezembro de 2021, o índice deve ser de 4,7% em 2022, o que significa uma queda de cerca de 5,4 p.p. em relação a 2021. Para 2023, a projeção é de inflação de 3,2%, em 2024, 2,6%.
Conforme o Banco Central, o cenário é de convergência da inflação para as metas ao longo do horizonte relevante. Porém, em 2022, “a inflação ainda se mantêm superior à meta, embora dentro do intervalo de tolerância, em virtude dos efeitos inerciais da inflação de 2021”.
Luiza Damé / Agência CMA
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Imagem: Raphael Rbeiro/BCB