O Ibovespa opera em terreno negativo, enquanto os juros e taxas DI e o dólar estadunidense operam em alta, no mercado financeiro brasileiro nesta segunda-feira (14). A Bolsa tinha queda e caminha para a décima sessão no negativo, no patamar dos 117 mil pontos, com a Vale (VALE3) sob efeitos da economia chinesa em que o maior desafio fica para o setor imobiliário do país. Somado a isso, os bancos também ajudam nesse movimento de baixa e Petrobras fica no radar.
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As ações da Vale (VALE3) caíam 2,48% e as siderúrgicas também tinham queda expressiva. Hoje os papéis da mineradora está ex-dividendos. Os bancos caíam em bloco. A Petrobras (PETR 3 PETR4) operava mista.
O destaque negativo fica para Yduqs (YDUQ3), que caía 10,91%. A Yduqs anunciou na noite de sexta-feira a antecipação de pagamento de dividendos no valor de R$ 80 milhões.
A Embraer (EMBR3) está entre as maiores quedas do índice 3,30%. A empresa de aeronaves reportou balanço nesta manhã antes da abertura do mercado e registrou lucro líquido de R$ 279 milhões, crescimento de 20% em relação ao segundo trimestre do ano passado, mas não agradou o mercado.
Às 12h39 (horário de horário), o principal índice da B3 caía 0,86%, aos 117.062,22 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto perdia 0,90%, aos 117.205 pontos. O giro financeiro era de R$ 9,3 bilhões. Em Nova York, as bolsas operavam em alta.
Caio Henrique Soares Rodrigues, sócio da Atika Investimentos, disse que a Bolsa cai pela décima vez consecutiva no mês e alguns fatores externos impactam aqui.
“O mercado tenta entender se é só um movimento de correção, após a forte alta em julho, ou uma reversão de tendência, acredito que seja uma correção em meio as questões da China. A gente enxerga uma China mais fraca com indicadores deteriorados, principalmente em relação ao mercado imobiliário; apesar de o governo tentar segurar, o buraco é mais embaixo e o mercado está colocando no preço das mineradoras e siderurgias; tem uma correção bem forte em Vale; não vemos uma perspectiva boa para o país no curto prazo”.
O dólar acelerou o ritmo de alta. A moeda reflete especialmente as dúvidas sobre a saúde da economia chinesa e a capacidade desta de se reaquecer.
Para o sócio da Ethimos Investimentos, Lucas Brigato, “a China está há muitos meses com números abaixo das expectativas, com o mercado imobiliário mostrando fragilidade. As commodities estão sentindo”.
De acordo com a Ajax Research, “lá fora, mercados asiáticos registram perdas relevantes por conta dos problemas financeiros no Zhongzhi Enterprise. Commodities recuam e moedas dos emergentes se depreciam frente ao dólar. Por aqui, ativos locais podem sofrer com problemas financeiros na China”.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) seguem em alta nesta segunda-feira, refletindo a apreensão dos agentes financeiros com a situação da economia chinesa, uma vez que o país asiático é um dos principais parceiros comerciais do Brasil.
Na análise de Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, apesar do IBC-Br mais
forte do que o esperado, o indicador é volátil e não costuma refletir tão forte na curva de juros. Focus sem alterações nas projeções da Selic também não fez preço, segundo ele. “Destaque fica por conta do mercado internacional com moedas pressionadas e treasuries (títulos do Tesouro norte-americano) em alta. Mercado de juros aqui refletindo mais a esse movimento do dólar e juros americanos”, explica. “IBC-Br contribui, mas com menor peso.”
Para o analista Bruno Komura, da Potenza Capital, o mercado está em linha com o estresse chinês. “A Country Garden até parou com a negociação dos títulos de dívida. Contaminou um pouco Europa e Estados Unidos”, comentou.
A mais recente crise imobiliária da China está ameaçando se espalhar para a economia em geral, preocupando os investidores e causando uma ampla liquidação do mercado, de acordo com a Dow Jones.
Veja como estava o mercado por volta das 13h15 (de Brasília):
- IBOVESPA: 117.174,48 (-0,75%)
- DÓLAR À VISTA 4,9529 (+0,94)
- DI JAN 2024; 12,445% (+0,04%)
- DI JAN 2027:10,075% (+0,85%)
Camila Brunelli / Agência CMA
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