O preço do minério de ferro negociado no porto de Qingdao, na China, despencou 12,11% nesta sexta-feira (14), em meio a relatos de que o país estaria se esforçando para conter os preços do minério.
Segundo a agência de notícias Reuters, o governo da China disse que investigaria comportamentos ilegais e suspenderia os negócios em usinas que teriam manipulado os preços de mercado, espalhando rumores ou armazenando produtos para fazer negócios favoráveis, já que o crescimento dos preços do aço ultrapassou o aumento dos custos.
O vergalhão de aço mais negociado na Bolsa de Futuros de Xangai, para entrega em outubro, fechou em queda de 6%, a 5.641 iuanes (876,61 dólares) por tonelada.
Os futuros de minério de ferro de referência na bolsa de Dalian, para entrega em setembro, caíram 7,5%, para 1.173 iuanes por tonelada. O contrato caiu 4,4% nesta semana.
Esse indicador do minério caiu cerca de 10% desde o pico histórico de US$ 232,5 nesta semana, mas ainda acumula ganhos de aproximadamente 30% no ano.
Minério reflete em ações da Vale
As ações da mineradora brasileira Vale (VALE3), que atingiram seu pico histórico na última terça-feira (11/5), custando R$ 118,72, estão em queda desde então. Até agora, a queda foi de mais de 6% e os papéis são negociados por R$ 110,55.
Na semana em que minério de ferro atingiu máxima histórica, passando de US$ 195 por tonelada, não faltaram investidores comemorando a alta das ações da Vale. Os papéis da mineradora (VALE3) tendem a acompanhar, por motivos óbvios, a movimentação do seu principal produto.
Assim, enquanto a Vale tem exatamente o mesmo gasto para produzir minério de ferro que custa US$ 90 (como há cerca de um ano) ou US$ 195 por tonelada, as usinas repassam o aumento dos custos e a “bomba” acaba, em grande parte, na mão das construtoras.
Os resultados do primeiro trimestre de 2021 da empresa animaram os acionistas e fizeram as ações da mineradora subirem.
A XP Investimentos analisou os resultados do primeiro trimestre da Vale como sólidos e destacou a forte geração de caixa da empresa. A empresa reportou um lucro líquido de R$ 5,5 bilhões.
“Esses números mais fortes foram resultado de preços realizados mais altos. O fluxo de caixa operacional foi de US$ 5,9 bilhões devido ao forte ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e à melhora no capital de giro. Reiteramos nossa recomendação de Compra (preço-alvo de R$122/ação) e esperamos fortes dividendos para 2021”, disseram os analistas da corretora.
A Guide destacou a queda da receita líquida, o avanço do ebitda ajustado e do lucro líquido, na comparação trimestral, e a queda do endividamento líquido expandido (incluindo provisões de Brumadinho), em função da forte geração de caixa livre no período, cerca de US$ 5,8 bilhões ou cerca de 70% do ebitda reportado no período.
“O cenário para o minério de maior qualidade (teor 65%) segue melhorando, com os spreads em relação ao minério de teor 62% atingindo o patamar de US$ 30/ton no período, em função do momento favorável para a siderurgia ao redor do mundo e escassez na oferta de minério. Com isso, esperamos que a companhia continue apresentando elevados pagamentos de dividendos, com expectativa de pagamento acima de 10% para o ano de 2021”, disse o analista Luis Sales, em relatório.
Segundo Sales, a ação segue descontada ao redor de 30% em relação aos principais pares (Rio Tinto e BHP), o que, na visão da corretora, não se justifica. A casa reiterou a recomendação de compra para os papéis da mineradora, com preço-alvo em R$ 130,00.
Na mesma linha, o Bank of America (BofA) disse que as ações estão num território muito baixo e que esperam que a companhia foque no uso de caixa e no aumento de volumes, como indicado no primeiro trimestre.
Os analistas consideraram os resultados mais leves que o esperado pela casa e pelo consenso (ebitda pro-forma ajustado de US$8,5 bilhões, ante estimativas de US$ 8,8-8,6 bilhões), já que os custos maiores foram compensados por preços mais altos das commodities e com uma estimativa de maiores volumes à frente.
“À medida que a dívida líquida expandida se aproximou da meta, acreditamos que os retornos aos acionistas poderiam acelerar”, disseram os analistas, lembrando que a empresa fez essa promessa aos investidores em dezembro.
Com isso, o BofA reiterou a recomendação de compra e o preço-alvo dos papéis da mineradora, apostando na forte geração de caixa e na expectativa de obter mais detalhes sobre o uso do caixa extra, como numa possível expansão de seu portfólio de cobre, e em relação ao aumento do volumes, além de reflexões sobre qualquer ameaça fiscal de mineração e sobre a Samarco, em processo de falência.
*Imagem em destaque: Piqsels.com









