O plano da Cielo (#CIEL3) de fechar o capital gerou uma nova disputa na empresa. Investidores, que, somados, têm mais de 10% das ações em circulação, solicitaram, nesta quinta-feira (22), uma assembleia especial para discutir uma nova avaliação do prêmio a ser pago pela retirada dos papéis da Bolsa.
A medida está relacionada à oferta pública unificada (OPA) anunciada pelos controladores da companhia, com o objetivo de migrar o registro de companhia aberta de categoria “A” para “B” e deixar o Novo Mercado.
Bradesco e Banco do Brasil ofereceram R$ 5,35 por ação. Mas os minoritários que pediram a assembleia acreditam que o preço justo é de R$ 7,89. A diferença de 47% certamente levará a uma queda de braço.
Os pedidos foram feitos por empresas como Encore Gestão de Recursos, Clave Gestora de Recursos, Mantaro Capital, Ibiuna Ações Gestão de Recursos, Ibiuna Macro Gestão de Recursos, XP Gestão de Recursos e AZ Quest Investimentos.
Ações caíram nesta quarta
Desde sua oferta inicial de ações (IPO), os papéis CIEL3 caíram cerca de 40%, conforme noticiado pelo Monitor do Mercado nesta quarta-feira (21). O Ibovespa, principal indicador da Bolsa, subiu quase 150% e CDI, referência de juros básicos para investimentos, subiu mais de 250%, no mesmo período. O prêmio oferecido por Bradesco e Banco do Brasil para os investidores que compraram os papéis, ao tirar eles da Bolsa, parece longe de cobrir o risco tomado.
Bom para o Bradesco, segundo o BTG
Em relatório, analistas do BTG Pactual interpretaram a transação como surpreendente, mas estrategicamente lógica, especialmente para o Bradesco. Eles argumentaram que, do ponto de vista dos controladores, a oferta faz sentido, embora levante questões sobre a justiça da avaliação para os acionistas minoritários.
“Embora acreditemos que a transação faz muito sentido, o pequeno prêmio sobre o último preço de fechamento e o valuation pouco exigente das ações (~6x P/L para 2024) provavelmente gerarão reclamações por parte dos investidores”, publicou o banco.
O relatório lembra que quando o Itaú fechou o capital da Redecard (agora Rede), em 2012, ele também ofereceu um preço que não proporcionou muita valorização (~15%), gerando muito ruído e exigindo muito esforço do banco para ter aceitação da proposta no mercado.
Fechar para abrir de novo?
O analista Bruce Barbosa, da Nord Investimentos, já expressou sua insatisfação com o que considerou um “prêmio” insuficiente na oferta pelo fechamento de capital da Cielo, sugerindo, inclusive, que Bradesco e Banco do Brasil poderiam fazer outro IPO da empresa, depois de aproveitarem um fechamento de capital a baixo custo.
“Eu acho que faz todo o sentido, o mercado brasileiro está tão barato que vale a pena para Bradescão e Banco do Brasil recomprarem Cielo, mesmo que façam um novo IPO da empresa no futuro”, apontou, em texto publicado no último dia 6.
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