O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que houveram diversas reuniões em Brasília até a votação da MP dos Ministérios e que houve um entendimento de que o governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva precisa participar de uma articulação maior para construir a sua base. As declarações foram dadas em entrevista à “Globonews” no início da tarde desta quinta-feira.
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“O governo sem uma maioria no parlamento terá a obrigação de pautar e votar as matérias do seu interesse. O que aconteceu ontem deve ficar como grande ensinamento, eu fiz um alerta ao presidente que ficou bastante claro”, comentou Lira. “Houve esforço dos partidos independentes para aprovar a MP dos Ministérios.”
Segundo o presidente da Câmara, “os líderes presenciaram esforço, sem exigir nada” e disse que a divulgação da liberação de emendas de R$ 1,7 bilhão em meio às negociações “mancha a imagem do Congresso” e que “as emendas liberadas são impositivas”.
“Espero que o governo encaminhe suas pautas na construção de maioria que ainda não tem.”
Lira disse que o clima ontem na Câmara, “infelizmente, era para derrotar a MP dos Ministérios”, pois havia um entendimento era de que o governo precisa redesenhar apoios. O governo deu ministérios ao MDB, ao União Brasil para construir sua base. Essa solução deve ser dada para outros partidos em que governo queira aumentar a base.”
Em sua conversa com o presidente Lula, ontem, Lira disse: “Eu não pedi nada, só pedi um tratamento institucional correto. Os líderes sabem das minhas conversas com o governo. O que há é uma busca clara do governo e com a minha ajuda.”
O presidente da Câmara dos Deputados disse que “na conversa com Lula, eu pedi respeito de aliados do governo” e que “não pediu a cabeça de ninguém”, sobre especulações em relação ao pedido de demissão de o ministro dos Transportes, Renan Filho, e em referência aos ataques feitos pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), que chamou o deputado de caloteiro e disse que Lira desvia dinheiro público e bate em mulher.
“Pedi respeito e moderação em relação a acusações. Eu sou atacado nas redes sociais e estou acostumado”, disse Lira.
Lira afirmou que “em todas as matérias importantes”, segue como era feito no governo anterior, com quem tinha uma “uma relação de respeito”.
A partir das lições deixadas pelo embate entre a Câmara e o governo ontem, Lira disse que “a base pede reciprocidade”. “As pautas são variadas e eu sou a caixa de ressonância do que os partidos pedem”.
Com relação à decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), de liberar para julgamento um recurso da sua defesa contra denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção passiva, Lira comentou: “nossa decisão já vem pedindo justa causa, fatos novos estão sendo geradas, acredito que será feita justiça.”
Em relação à operação da Polícia Federal contra um assessor, o presidente da Câmara dos Deputados disse que não se sente atingido. “Eu não vou comer essa corda, vou me ater a receber informações mais precisas, e cada um é responsável pelo seu CPF nesta terra e neste país, disse Lira.
“Eu não posso comentar. É processo antigo, que tramita no TCU. Não posso emitir juízo de valor e não tenho absolutamente nada a ver com o que está acontecendo.”
O assessor da liderança do PP na Câmara dos Deputados, Luciano Ferreira Cavalcante é alvo de uma investigação da PF que apura fraude em licitação para compra de kits de robóticas para escolas em mais de 40 municípios de Alagoas entre 2019 e 2022. Segundo a corporação, o grupo articulou um esquema em que uma empresa vencia as licitações e desviou cerca de R$ 8 milhões.
Cynara Escobar / Agência CMA
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Imagem: Agência Brasil