A Bolsa fechou em queda pelo quarto pregão seguido em linha com o exterior devido à preocupação de uma escalada do conflito entre Israel e Irã e com a questão fiscal, após a declaração do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre mudança da meta de resultado primário de 2025.
No fechamento, o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores, encerrou em queda de 0,49%, aos 125.333,89 pontos — menor nível desde 17 de novembro. O giro financeiro foi de R$ 27,2 bilhões. No acumulado do mês, o índice registra queda de 2,16%, enquanto no ano a retração é de 6,60%.
Nem mesmo as altas da Vale (VALE3) e a Petrobras (PETR3 e PETR4), que subiram 0,58%, 1,46% e 0,95%, respectivamente, conseguiram ajudar a alavancar o índice.
Cenário internacional e doméstico
No exterior, o humor dos investidores foi afetado pela baixa de 1,79% no fechamento do Nasdaq em Nova York e pela escalada das tensões geopolíticas no Oriente Médio, com implicações para o mercado de energia global. Esses fatores contribuíram para a aversão ao risco observada também na B3.
Além disso, a confirmação pelo Ministério da Fazenda de que a meta de superávit primário para 2025 foi revisada para zero impactou negativamente a percepção do mercado sobre a política fiscal brasileira, influenciando a trajetória da dívida pública.
Cenário corporativo
Segundo Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, em entrevista ao Estadão, a Bolsa enfrenta um momento de aversão ao risco, com poucos setores conseguindo se destacar.
Empresas como BRF (+10,15%), Marfrig (+4,82%) e JBS (+4,21%) foram impulsionadas por recomendações positivas e pela queda nos preços dos insumos, como o milho em Chicago.
No lado oposto predominaram ações correlacionadas ao ciclo doméstico e sensíveis a câmbio ou juros, como CVC (-9,38%), Magazine Luiza (-7,83%), Vamos (-6,42%) e Cyrela (-6,03%).