Para os analistas do BTG Pactual, maior banco de investimentos da América Latina, a Gerdau (GGBR4), uma das principais empresas do setor siderúrgico, apresentou resultados sólidos neste último trimestre, ultrapassando as estimativas de EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) em 10%.
Esses números, segundo o banco, reforçam a confiança em dois aspectos fundamentais:
- A recuperação da operação brasileira;
- O potencial de crescimento nos Estados Unidos.
Com isso, o BTG diz que “a hora chegou” e recomenda compra, com o preço-alvo subindo de R$ 22,50 para R$ 25.
Hoje, às 14h, após a divulgação do balanço, as ações da empresa sobem 5,53%, cotadas a R$ 19,66.
Recuperação da Unidade Brasil
Um dos pontos mais destacados é a recuperação da unidade brasileira da Gerdau que, apesar de um período desafiador, dá indícios de que o pior momento ficou para trás.
No primeiro trimestre de 2024 (1T24), a empresa registrou um aumento nas margens EBITDA — chegou a 9,2% no 1T24, ante 8,5% no 4T23 —, indicando uma tendência de melhoria na rentabilidade. Esse cenário foi impulsionado por iniciativas internas de redução de custos e um gradual aumento nos preços.
Embora haja incertezas quanto às recentes medidas protecionistas do governo — que ficam claras no aumento do imposto para importação de aço da China —, a administração da Gerdau parece demonstrar compromisso em normalizar a rentabilidade.
O banco espera, agora, que os esforços de redução de custos gerem resultados nos próximos trimestres, preparando o terreno para uma possível “normalização” das margens EBITDA no país.
Potencial nos Estados Unidos
Além da recuperação no Brasil, a Gerdau também apresenta perspectivas promissoras nos Estados Unidos. Com mais de 60% do EBITDA consolidado vindo desse mercado, a empresa está bem posicionada para se beneficiar dos investimentos em infraestrutura e programas governamentais.
As margens EBITDA nos EUA permanecem robustas, refletindo uma demanda sólida nos setores de infraestrutura e construção não residencial. No entanto, o mercado parece subvalorizar essa exposição, negociando as ações da Gerdau com um desconto significativo em comparação com seus pares americanos.
Vitória recente da Gerdau
Tudo começou no ano passado, quando vimos empresários pedindo mais impostos. Pode parecer estranho, mas o setor siderúrgico brasileiro, liderado por Jorge Gerdau, pedia um aumento significativo nas tarifas sobre o aço importado da China.
A proposta de elevar dos impostos sobre o aço chinês de cerca de 9,5% a 13% para 25%, foi interpretada pelas instituições financeiras como um momento turbulento, e por isso, diminuíram o preço-alvo da companhia que leva seu sobrenome.
Mas, no mês passado, as preces de Gerdau foram ouvidas e o governo aprovou o aumento no Imposto de Importação de 11 produtos de aço, estabelecendo cotas de volume para combater o aço chinês.
A medida, que entrará em vigor no final do mês, funcionará da seguinte forma: caso o volume máximo destes 11 produtos sejam superados, serão pagos 25% de Imposto de Importação para entrarem no país.
Válida por 12 meses a partir da publicação, a medida pretende evitar a concorrência desleal com o aço nacional.
O assunto que decreta a vitória da Gerdau foi tema do Ligando os Pontos, podcast do Monitor do Mercado, há 6 meses. No episódio, Marcos de Vasconcellos e Maria Júlia Baumert comentam sobre o pedido de impostos “anti-China” de Jorge Gerdau, dono da Gerdau, a maior empresa brasileira produtora de aço.









