O mercado pecuário começou agosto com alta nos preços do boi gordo, em meio à oferta reduzida de animais para abate e ao recorde das exportações brasileiras de carne bovina no mês de julho, conforme informações do Globo Rural.
Segundo dados divulgados nesta quarta-feira (6) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o Brasil exportou em julho 310.209 toneladas de carne bovina, somando os embarques de carne in natura e processada.
O volume representa um crescimento de 15,3% na comparação com junho e supera em 4% o recorde anterior, registrado em outubro de 2023, quando foram embarcadas 298.240 toneladas.
“O que realmente sustentou os embarques internacionais mais fortes que o esperado nos últimos três meses foi a forte demanda de países que não os EUA”, afirmou o MDIC.
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A receita também foi recorde, atingindo R$ 9,2 bilhões, o que representa uma alta de 16,4% em relação ao patamar registrado no mês anterior.
O avanço nos embarques foi impulsionado pelo crescimento das exportações para a União Europeia, Sudeste Asiático, Austrália, Hong Kong e outros mercados. Esse movimento compensou o quarto mês consecutivo de queda nas compras dos Estados Unidos, que seguem em retração com recuos de dois dígitos.
Boi gordo sobe em 17 praças
De acordo com levantamento da Scot Consultoria divulgado nesta quarta-feira, 17 das 32 regiões pecuárias monitoradas registraram aumento nos preços do boi gordo. Outras 15 praças apresentaram estabilidade nas cotações.
Nas regiões de Araçatuba (SP) e Barretos (SP), que são referências para o mercado nacional, o preço da arroba do boi gordo subiu R$ 5, atingindo R$ 305 no pagamento a prazo.
Os preços do “boi China”, animal jovem com rastreabilidade exigida por alguns países, e da novilha também avançaram R$ 5 por arroba. A vaca gorda teve alta de R$ 3 por arroba.
A consultoria aponta que a oferta de boiadas esteve enxuta no estado de São Paulo, com parte dos pecuaristas aguardando preços mais altos para negociar, o que contribuiu para que a cotação da arroba do boi gordo recuperasse as perdas recentes.
Impacto das tarifas dos EUA nos preços do boi gordo
A divulgação do recorde ocorreu no mesmo dia em que entraram em vigor as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, o que gerou preocupação no setor pecuário.
Ainda assim, o volume embarcado para os EUA em julho permaneceu praticamente estável frente a junho, somando 18.235 toneladas.
Houve, porém, recuo no preço médio pago pelos norte-americanos: de US$ 6,78 por quilo (R$ 37,63) em junho para US$ 6,58 por quilo (R$ 36,39) em julho.
China prorroga investigação sobre carne bovina
Em meio ao cenário de alta nas exportações, a China anunciou também nesta quarta-feira a prorrogação por três meses da investigação sobre as importações de carne bovina. A apuração, iniciada em dezembro de 2024, agora se estenderá até 26 de novembro de 2025, segundo comunicado do Ministério do Comércio chinês.
O objetivo da investigação é avaliar o impacto das importações no setor doméstico, que sofre com excesso de oferta e queda de demanda. Eventuais restrições comerciais afetariam os principais fornecedores globais: Argentina, Austrália, Brasil e Estados Unidos.
“A prorrogação dá a Pequim alguns meses para verificar se o setor doméstico pode recuperar a lucratividade sem salvaguardas e progredir em outras questões com os principais exportadores de carne bovina”, informou o ministério.
A China importou um recorde de 2,87 milhões de toneladas de carne bovina em 2024. No entanto, as compras caíram 9,5% no primeiro semestre deste ano, totalizando 1,3 milhão de toneladas.
Em julho, o Ministério da Agricultura da China afirmou que a criação de gado de corte foi “geralmente lucrativa” por três meses consecutivos, sinalizando recuperação da indústria local com apoio de medidas financeiras.
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Negociações com o Japão avançam
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) também destacou o avanço nas negociações para abertura do mercado japonês à carne bovina brasileira.
“Ainda que esteja, no momento, sendo discutida a importação da carne bovina apenas dos três estados do Sul, a notícia não deixa de ser positiva para a pecuária brasileira”, avaliou o Cepea.
A possível entrada no mercado japonês é considerada estratégica, devido às exigências sanitárias elevadas e ao poder de compra do consumidor japonês.