Os contratos futuros de suco de laranja atingiram nesta quinta-feira (11) o maior nível em quase duas semanas, impulsionados pelo avanço do greening, uma doença que ameaça a produção do Brasil, o maior exportador mundial do produto.
Nesta manhã, o contrato mais negociado chegou a subir 2,4%, a US$ 2,559 por libra-peso em Nova York, no maior nível intradiário desde 28 de agosto, antes de devolver parte dos ganhos, conforme publicado pelo jornal O Globo e Globo Rural.
Segundo levantamento anual do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), quase metade do cinturão citrícola brasileiro já está afetado pela doença, que provoca a queda prematura dos frutos.
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Greening afeta produção de suco de laranja no Brasil e EUA
O greening está em seu oitavo ano consecutivo de avanço, mas a taxa de infecção desacelerou pelo segundo ano seguido.
Segundo o pesquisador do Fundecitrus, Renato Bassanezi, “Os citricultores estão escolhendo áreas de cultivo com menor risco de contaminação e retomaram a erradicação de árvores doentes, enquanto o controle de pragas também reduziu a população do inseto que transmite a doença”.
A praga também afeta produtores nos Estados Unidos, que enfrentam dificuldades há anos com a doença que pode matar árvores inteiras, comprometendo a oferta global de laranjas.
Revisão da safra de laranja
Diante do avanço do greening, o Fundecitrus reduziu sua previsão para a safra 2025/26 no cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro para 306,74 milhões de caixas de laranja de 40,8 kg. A nova estimativa representa queda de 2,5% em relação à previsão feita em maio, de 314,60 milhões de caixas.
A entidade explica que a redução ocorreu “principalmente, pelo aumento da taxa de queda de frutos em função do crescimento da severidade do greening, e ainda pelo ritmo mais lento da colheita”.
O Diretor-Executivo do Fundecitrus, Juliano Ayres, detalhou: “Esse aumento significativo da severidade dos sintomas nas árvores tem impacto direto no aumento da taxa de queda prematura da fruta, sendo o fator determinante para a redução da safra nesta primeira reestimativa”.
De acordo com Ayres, a severidade média da doença no cinturão citrícola passou de 19% em 2024 para 22,7% em 2025, reduzindo em cerca de 35% o potencial produtivo.
Colheita mais lenta impacta produção de suco de laranja
O Fundecitrus informou ainda que a colheita da safra atual atingiu 25% da produção esperada, um ritmo considerado significativamente mais lento do que no ciclo anterior, quando já estava em 50% neste mesmo período.
A colheita de variedades precoces como Hamlin, Westin e Rubi chegaram a 68% e outras precoces atingiram 75%. A variedade pera chegou a 17%, seguida por Natal (2%), Valência (1%) e Folha Murcha (1%).
A instituição destacou que “A colheita mais tardia desta safra está relacionada à elevada concentração de frutos da segunda florada e à priorização da colheita no ponto ideal de maturação para obtenção de suco de melhor qualidade. Com isso, observa-se um aumento na taxa de queda prematura de frutos, sobretudo em árvores afetadas pelo greening e submetidas a maior déficit hídrico e temperaturas mais amenas no inverno”.
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Impacto das tarifas nos EUA sobre o suco de laranja brasileiro
Mais recentemente, os preços futuros foram pressionados pela possibilidade de os Estados Unidos aplicarem uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.
O suco de laranja, no entanto, foi isento da medida e permanece sujeito à alíquota padrão de 10%.