A PDG Realty (PDGR3) divulgou um fato relevante nesta semana informando que teria recebido uma proposta de aquisição da SHKP Real State Development, empresa supostamente ligada à gigante imobiliária chinesa Sun Hung Kai Properties (SHKP). No entanto, a própria SHKP, em comunicado ao Monitor do Mercado, negou qualquer envolvimento na oferta e afirmou que não fez nenhuma proposta para comprar a incorporadora brasileira.
Enquanto o mercado absorvia a notícia e especulava sobre uma possível recuperação da PDG, as ações da empresa dobraram de preço, subindo de R$ 0,01 para R$ 0,02. O movimento garantiu 100% de lucro para quem comprou os papéis antes do anúncio e agora levanta suspeitas de manipulação de mercado.
Proposta falsa e desmentido da SHKP
Em comunicado enviado ao Monitor do Mercado, a Sun Hung Kai Properties esclareceu que não tem qualquer relação com a empresa citada no fato relevante da PDG, nem com variações do nome como SHKP Global Properties, Sun Hung Kai Global ou outras denominações mencionadas no documento. Além disso, afirmou que não submeteu nenhuma oferta para adquirir qualquer empresa no Brasil e que tomará as medidas cabíveis para proteger seus direitos.
A situação se torna ainda mais grave porque o e-mail do signatário da proposta e o site mencionado no documento divulgados pela PDG são inexistentes. Além disso, o suposto executivo responsável pela oferta, Chen Wei, não consta na lista de diretores da SHKP nem aparece em nenhuma comunicação oficial da empresa chinesa.
Veja o comunicado oficial abaixo:
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Manipulação de mercado?
A PDG Realty, que já enfrentava dificuldades financeiras e passou recentemente por mudanças em sua diretoria, viu suas ações dobrarem de valor após a divulgação da falsa proposta de compra. O aumento de 100% no preço dos papéis beneficiou diretamente quem adquiriu as ações antes do anúncio, levantando suspeitas de que a empresa possa ter utilizado um fato relevante fraudulento para inflar artificialmente o preço de seus papéis.
A divulgação de informações enganosas para influenciar o mercado é uma prática considerada crime contra o sistema financeiro. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pode investigar o caso, e os responsáveis podem ser punidos com multas e até sanções mais severas, dependendo do impacto causado aos investidores.
PDG se cala diante das acusações
Procurada pelo Monitor do Mercado, a PDG afirmou que não tem qualquer posicionamento sobre o tema e disse apenas que, caso haja novas informações, elas serão comunicadas ao mercado. O silêncio da empresa diante das evidências aumenta ainda mais as incertezas sobre a real intenção por trás da divulgação da suposta proposta.
O questionamento feito pela redação à assessoria de imprensa da PDG foi o seguinte: “O e-mail do signatário da proposta e o site a ele relacionado não existem, além de não haver qualquer comunicado oficial sobre o tema no site da SHKP. Diante disso, poderia me confirmar a origem oficial dessa proposta? A PDG recebeu esse email por outro endereço?”
Agora, com a resposta oficial da SHKP, o questionamento é ainda maior. O Monitor seguirá acompanhando o caso e os desdobramentos do caso.
Novo CEO e diretor de RI
Vale ressaltar que a PDG acaba de passar por uma troca de comando. No dia 30 de janeiro, Maurício Tiso de Souza foi nomeado seu novo CEO e diretor de Relações com Investidores (RI). E cabe justamente ao diretor de RI divulgar fatos relevantes, como a falsa proposta de compra anunciada pela empresa.