O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,4% no segundo trimestre, na série com ajuste sazonal, em relação ao primeiro, de acordo com as Contas Nacionais Trimestrais divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (2).
O desempenho representa uma desaceleração no ritmo da economia, sobretudo após a revisão do avanço no primeiro trimestre de 1,4% para 1,3%. Na comparação anual, o PIB cresce 2,2%.
Em valores correntes, o PIB brasileiro atingiu R$ 3,2 trilhões no período. O desempenho foi sustentado principalmente pelo setor de serviços e pelo consumo das famílias, favorecidos pelo mercado de trabalho aquecido, pela taxa de desemprego em níveis historicamente baixos e pelo avanço da renda média.
Desse montante, R$ 2,7 trilhões foram referentes ao valor adicionado a preços básicos e R$ 431,7 bilhões a impostos sobre produtos líquidos de subsídios.
A taxa de investimento foi de 16,8% do PIB, acima dos 16,6% do mesmo período de 2024, e a taxa de poupança também alcançou 16,8%, frente aos 16,2% de um ano antes.
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O economista Maykon Douglas observa que os dados do PIB reforçam o impacto dos juros mais altos sobre a atividade, como antecipado pelas sondagens mensais nos últimos meses. Porém, o mercado de trabalho aquecido tem sido o grande suporte do PIB, que segue surpreendendo.
Segundo ele, a liberação dos precatórios e o efeito do novo consignado privado podem ser um suporte adicional nos próximos meses.
O economista ressalta ainda a desaceleração do PIB na parte mais cíclica como um comportamento natural tendo em vista o aperto monetário em curso, que provoca baixa performance em segmentos mais sensíveis às condições financeiras, como a construção, a indústria de transformação e parte do comércio.
Desempenho setorial do PIB
No segundo trimestre, os serviços apresentaram alta de 0,6%, enquanto a indústria avançou 0,5% e a agropecuária registrou queda de 0,1%.
No setor de serviços, houve crescimento nas atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (2,1%), em informação e comunicação (1,2%) e em transporte, armazenagem e correio (1,0%).
Também avançaram outras atividades de serviços (0,7%) e atividades imobiliárias (0,3%). O comércio apresentou estabilidade, enquanto administração pública, saúde, educação e seguridade social recuaram 0,4%.
Já o crescimento industrial foi puxado pelas indústrias extrativas, que tiveram expansão de 5,4%. Em contrapartida, houve retração nas atividades de eletricidade e gás, água, esgoto e gestão de resíduos, que caíram 2,7%, além das indústrias de transformação, que recuaram 0,5%, e da construção, que teve queda de 0,2%.
Consumo aumenta com melhora da renda
Do lado da demanda, o consumo das famílias aumentou 0,5% no trimestre, apoiado pela melhora da massa salarial e pelo crédito.
No setor externo, as exportações de bens e serviços cresceram 0,7%, ao passo que as importações caíram 2,9% frente ao trimestre anterior.
Já o consumo do governo caiu 0,6% e a formação bruta de capital fixo, indicador dos investimentos produtivos, recuou 2,2%.
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Crescimento do PIB na comparação anual
Em relação ao segundo trimestre de 2024, o PIB brasileiro cresceu 2,2%. O destaque foi a agropecuária, com avanço de 10,1%, favorecida pelas safras de milho, soja, arroz, algodão e café, que registraram ganhos de produtividade.
A indústria teve expansão de 1,1%, com crescimento expressivo das indústrias extrativas, que subiram 8,7%; enquanto a construção avançou 0,2% e as indústrias de transformação ficaram estáveis, com altas em setores como metalurgia, máquinas e equipamentos, química e têxtil, compensadas por quedas em caminhões e ônibus, coque e derivados de petróleo, alimentos e indústria farmacêutica. Já eletricidade e gás, água, esgoto e gestão de resíduos recuaram 4,0%.
Nos serviços, o valor adicionado aumentou 2% na comparação anual, com todos os setores registrando resultado positivo. Os maiores avanços ocorreram em informação e comunicação (6,4%) e em atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (3,8%).
Na comparação anual, o consumo das famílias cresceu 1,8%, influenciado pela renda e pelo crédito, e o consumo do governo teve alta de 0,4%.
Os investimentos, medidos pela formação bruta de capital fixo, avançaram 4,1%, impulsionados pelo aumento das importações de bens de capital e pelo desenvolvimento de software. As exportações cresceram 2,0% e as importações, 4,4%.
Desempenho da economia no semestre
No primeiro semestre deste ano, o PIB cresceu 2,5% em relação ao mesmo período de 2024. Nesse intervalo, houve expansão de 10,1% na agropecuária, 1,7% na indústria e 2% nos serviços.
Na indústria, as maiores altas vieram das indústrias extrativas (4,5%), da construção (1,8%) e das indústrias de transformação (1,3%), enquanto eletricidade e gás, água, esgoto e gestão de resíduos recuaram 1,2%.
Nos serviços, os avanços mais expressivos ocorreram em informação e comunicação (6,7%), atividades financeiras (3%) e outras atividades de serviços (2,6%).
O consumo das famílias cresceu 2,2%, o consumo do governo aumentou 0,7% e a formação bruta de capital fixo subiu 6,6%. No setor externo, as exportações avançaram 1,6% e as importações, 9%.
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Estimativas para o crescimento do PIB
O IBGE revisou o crescimento do PIB no primeiro trimestre para 1,3% frente ao quarto trimestre de 2024, ante os 1,4% divulgados anteriormente.
Já as taxas dos trimestres anteriores foram confirmadas: 1,5% no segundo trimestre de 2024, 0,8% no terceiro e 0,1% no quarto.
O resultado do segundo trimestre superou a mediana das estimativas do mercado, que projetavam alta de 0,3% em relação ao trimestre anterior.
As previsões variavam de estabilidade a crescimento de 2,3%. Já na comparação anual, a expansão de 2,2% ficou dentro do intervalo das 68 projeções coletadas, que iam de 0,8% a 2,8%.