O BTG Pactual fez recomendação de compra para a Rumo (RAIL3), com preço-alvo em R$ 23,00 frente ao preço atual de R$ 19,90, um potencial de ganho de 15,58%. A recomendação veio na esteira do atual dilema envolvendo a empresa em torno do preço do frete ferroviário para a safra de grãos do próximo ano.
Segundo análise do banco, “A Rumo tem vantagem competitiva, pois controla o corredor logístico mais eficiente no estado de Mato Grosso e continua investindo para ganhar capacidade”.
Expectativas para a tarifa do próximo ano
De acordo com análise de mercado realizada pelo banco, a expectativa é de que considerando a forte posição da Rumo em relação às demais empresas do setor, os preços da companhia atinjam um crescimento tarifário de um dígito alto no próximo ano.
Em relação ao posicionamento dos grupos de comercialização de grãos (tradings) há em demasiado hesitação em aceitar o aumento tarifário, sob o argumento de que os contratos de “take-or-pay” da Rumo no início do ano passado tenham prejudicado seus resultados de 2024 em consequência da safra mais fraca e diante das perspectivas incertas para o plantio da próxima safra.
Considerando esse fator, os tradings passaram a ameaçar de aumentar a concorrência e até mesmo recorrer ao transporte rodoviário, com a finalidade de pressionar a Rumo a ceder na negociação das tarifas de frete.
Existe ainda, rumores de que as grandes tradings não estejam dispostas a se comprometer com grandes volumes de capacidade para o próximo ano, sobretudo, considerando o reajuste tarifário da Rumo como excessivo.
Cenário de risco
Na visão dos analistas do BTG Pactual, uma migração forçada para o transporte ferroviário simultaneamente também pode acarretar o aumento do frete, frustrando as expectativas de negociação, especialmente, considerando a frota de caminhões menor no estado.
Também são colocados à mesa riscos adicionais, considerando a possibilidade de uma safra de soja atrasada coincidir com a safra de milho, o que resultaria em uma pressão maior sobre o transporte rodoviário e no aumento dos custos de frete por caminhão.
Com base nesse cenário, o BTG acredita que o dilema ainda possa perdurar os próximos meses, de modo que o resultado das negociações impactem diretamente nas ações da Rumo.
Estratégia de mercado
A Rumo já tinha o planejamento de reajustar os preços do frete no próximo ano, sobretudo, com tarifas acima da inflação, contrariando a preocupação dos investidores de que o pior racional econômico dos agricultores este ano pudesse levar a uma redução da tarifa no ano seguinte.
Nessas condições, a Rumo atua com segurança, aproveitando seu corredor altamente competitivo e sua influência no mercado como principal capacidade logística incremental no estado de MT nos últimos anos.
Por outro lado, o aumento significativo nos preços da tarifa abrem espaço para que, diante de uma safra mais fraca no próximo ano, haja uma redução na tendência de que as tradings busquem por contratos de frete “take-or-pay”, podendo deixar a Rumo exposta no mercado spot, principalmente no segundo
semestre de 2025 (milho), já que a safra de soja parece mais segura.
Projeção de inflação para as ações da Rumo
Analisando a situação, o BTG acredita que esse impasse temporário em relação à negociação das tarifas de frete possam ter ocasionado a recente desvalorização nas ações da Rumo e seja uma reação exagerada do mercado.
Traçando uma projeção para o próximo ano, o banco aponta que os preços da Rumo no próximo ano devem subir em taxas semelhantes à inflação, podendo chegar a R$ 8,8 bilhões de EBITDA e atingir um valuation de volta aos níveis de 6,8x EV/EBITDA.
Imagem: Divulgação