A Azul Linhas Aéreas (AZUL4) anunciou nesta segunda-feira (7) a conclusão de acordos comerciais com arrendadores de aeronaves e fabricantes de equipamentos originais (OEMs) que abrangem cerca de 92% das obrigações de emissão de ações existentes. No entanto, esses acordos ainda estão condicionados a certas aprovações corporativas e alterações em obrigações adicionais.
Por meio dos acordos, que substituirão a dívida pela emissão de até 100 milhões de novas ações, a companhia pretende fortalecer a geração de caixa e melhorar sua estrutura de capital.
Impacto do acordo sobre as ações na Bolsa
Após fechar acordo com os credores, as ações da Azul (AZUL4) passaram a liderar as altas do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3). No início do pregão, as ações da companhia registraram ganho de 16%, a R$ 6,67.
Na manhã desta terça-feira, as ações da companhia valorizavam 16,52%, cotadas a R$ 6,70. Na variação anual, as ações acumulam perdas, de 56,78%.
O JPMorgan fez recomendação neutra para Azul, com preço-alvo a R$ 8,50, apontando que acordo da aérea com seus credores é positivo por limitar a diluição dos acionistas atuais da companhia.
Segundo o banco, a decisão da companhia está alinhada com as expectativas do mercado, com a antecipação de uma potencial diluição de capital de 20% a 25%. “Ainda assim, saudamos o anúncio, pois ele remove o overhang (excesso de ações, pressionando os ativos) no curto prazo relacionado a um potencial pedido de Chapter 11 (recuperação judicial nos EUA), que levou a um desempenho inferior frente o Ibovespa de 17 pontos percentuais (p.p.) desde o final de agosto”.
Acordo com os credores
Os arrendadores e OEMs concordaram em eliminar sua participação pro-rata (cálculo proporcional sobre algum pagamento) do saldo atual das obrigações de emissão de ações, totalizando aproximadamente R$ 3 bilhões. Em troca, eles receberão até 100 milhões de novas ações preferenciais da Azul (código AZUL4) em uma única emissão.
Essas negociações são parte de um plano abrangente para melhorar a posição financeira da Azul e o sucesso do plano está condicionado à finalização da documentação vinculativa e à obtenção de financiamento adicional.
No anúncio ao mercado, a Azul também informou que as negociações continuam com os detentores dos 8% restantes das obrigações de emissão de ações, além de outras partes interessadas.
Rebaixamento da Azul pela Moody’s
No final de setembro, a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou o rating corporativo da Azul de ‘Caa1’ para ‘Caa2’. O rating da dívida sênior garantida também foi rebaixado de ‘B3’ para ‘Caa1’.
Além disso, as dívidas seniores da Azul Secured Finance LLP (Delaware) e as dívidas seniores não garantidas da Azul Investimentos LLP foram rebaixadas para ‘Caa2’ e ‘Caa3’, respectivamente. A perspectiva para os emissores também foi afetada, passando de positiva para negativa.
O rebaixamento refletiu os resultados financeiros mais fracos da Azul em 2024 e a consequente queima de caixa, aumentando os riscos de liquidez.
No primeiro semestre de 2024, a companhia gerou R$ 1,2 bilhão em EBIT (lucro antes de juros), mas enfrentou uma queima de caixa cumulativa de R$ 1,2 bilhão devido a altas necessidades de capital de giro e despesas de capital.
Posição de caixa da Azul
A posição de caixa da Azul caiu para R$ 1,4 bilhão no final de junho de 2024, comparado a R$ 1,9 bilhão no final de 2023.
A empresa possui R$ 5,9 bilhões em obrigações financeiras e de arrendamento vencendo a curto prazo, o que aumenta a pressão sobre sua liquidez. Dessa forma, a Azul precisará buscar novas negociações com arrendatários e financiamento adicional para atender às suas necessidades financeiras.
*Com informações da agência de notícias CMA
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