O Carrefour Brasil (CRFB3) teve um lucro líquido ajustado de R$ 1,77 bilhão no quarto trimestre de 2024, marcando um crescimento de 240% em relação ao mesmo período de 2023, quando havia reportado R$ 520 milhões, segundo dados do balanço divulgado nesta terça-feira (18).
O resultado, acima das expectativas do mercado, foi beneficiado, por impostos, com o reconhecimento de aproximadamente de R$ 1 bilhão relacionado ao grupo Big, adquirido em 2021.
Eric Alencar, diretor vice-presidente de Finanças do grupo, também destaca a redução das despesas financeiras, taxas mais baixas de empréstimos intercompany e eficiência tributária como fatores impulsionadores dos resultados apresentados.
Alencar ainda comentou sobre a possibilidade de fechamento do capital no Brasil e classificou a questão como uma decisão dos acionistas, ressaltando que as operações no país devem seguir normalmente.
Destaques do balanço do Carrefour
O Ebitda ajustado do Carrefour foi de R$ 1,91 bilhão no trimestre, alta de 2,2% em relação ao mesmo período de 2023. No entanto, a margem Ebitda caiu 0,2 ponto porcentual (p.p.), ficando em 6,5%. Sem o ajuste, o prejuízo de R$ 565 bilhões registrado no ano passado foi revertido para R$ 1,16 bilhões no 4º trimestre.
No acumulado de 2024, o Ebitda ajustado totalizou R$ 6,5 bilhões, um crescimento de 13,4% no ano, enquanto a margem Ebitda ficou em 5,9%.
No quarto trimestre, a companhia registrou uma receita bruta de R$ 32,8 bilhões, com um aumento 5,5%, enquanto no acumulado do ano, avançou 4,4%, para R$ 120,6 bilhões.
Já a receita líquida consolidada foi de R$ 29,65 bilhões, um crescimento de 5,7% na comparação anual.
Impacto tributário e vendas do varejo
O Carrefour registrou um ganho de R$ 777 milhões no imposto de renda do trimestre, impactado pelo reconhecimento de ativos tributários diferidos de R$ 1,006 bilhão do Grupo BIG e R$ 68 milhões devido ao anúncio de distribuição de Juros sobre Capital Próprio (JCP).
Há um ano, foi registrada uma despesa de R$ 43 milhões, quando o Carrefour também teve R$ 1,2 bilhão em “impairment” (redução) do valor de ativos associados ao Big, acarretando uma redução em no quarto trimestre, contribuindo para os resultados apresentados.
No segmento de varejo, as vendas foram impactadas devido à reestruturação nos negócios e fechamento de lojas. O Ebitda ajustado teve um crescimento de 10,5%, apesar da retração de 7,6% nas vendas líquidas e 7,2% nas receitas totais.
Já as vendas consolidadas do Carrefour somaram R$ 32,8 bilhões, correspondente a uma alta de 5,5% em relação ao mesmo período de 2023.
Confira o desempenho das vendas em cada loja do Grupo:
- Atacadão: 6,3%
- Carrefour Varejo (ex-gasolina): 5,9%
- Sam’s Club: 2,1%
Proposta de dividendos
O Conselho de Administração do Carrefour Brasil recomendou o pagamento de R$ 1,66 bilhão em dividendos complementares aos acionistas, considerando o do lucro da companhia no último trimestre.
A deliberação deve ocorrer na Assembleia Geral Ordinária (AGO) de 17 de abril, até o momento sem uma data definida para que as ações sejam negociadas “ex-direito”.
Se aprovado o pagamento, este somando ao montante de R$ 200 milhões em juros sob capital próprio (JCP) pagos em 8 de janeiro, a companhia terá distribuído aos seus acionistas um valor total de R$ 201,6 milhões.
Apesar dos números em linha, Citi alerta para riscos
Os resultados do Carrefour vieram em linha com as estimativas do Citi, que destacou o crescimento de 6% nas vendas líquidas, impulsionado pelo Atacadão e pelo varejo, enquanto o Sam’s Club teve desempenho abaixo do esperado.
O analista do banco, João Pedro Soares, apontou que a margem bruta recuou 70 pontos-base, ficando 40 pontos-base abaixo da expectativa do banco. Segundo ele, a perda se deve aos descontos da Black Friday e mudanças no mix de produtos.
O Citi, portanto, manteve recomendação neutra/alto risco para o Carrefour Brasil, com preço-alvo de R$ 7,30, o que representa um potencial de queda de 2,7% em relação ao fechamento do pregão anterior.