A SLC Agrícola (SLCE3) teve um prejuízo líquido de R$ 51,35 milhões no quarto trimestre de 2024, uma redução de 66,4% em relação ao mesmo período de 2023. No acumulado do ano, o lucro líquido foi de R$ 481,72 milhões, representando uma queda de 48,6% na comparação anual.
A queda no desempenho é atribuída principalmente ao déficit de chuvas no Mato Grosso no início da safra 2023/24. A produtividade da soja caiu 17,5%, enquanto o milho registrou queda de 6,5%. O algodão, por outro lado, manteve a produtividade prevista e teve um aumento de 52,2% no volume faturado.
Com o impacto dos resultados, às 10h55 (horário de Brasília), as ações da SLC Agrícola (SLCE3) recuavam 3,67%, negociadas a R$ 18,16.
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Segundo Ruy Hungria, analista da Empiricus, o resultado foi impactado especialmente pela variação cambial no resultado financeiro e ajustes para baixo no valor de ativos biológicos, refletindo a queda nos preços dos grãos. Esses efeitos, no entanto, foram parcialmente compensados por uma reversão na linha de impostos.
Hungria ressalta que boa parte desses impactos não tiveram efeito caixa e que as atenções do mercado já estão voltadas para 2025, quando os resultados devem voltar a melhorar, motivados pelo aumento do volume de produção de soja.
Receita e Ebitda da SLC Agrícola
A receita líquida da companhia no 4º trimestre somou R$ 1,97 bilhão, um crescimento de 3% na comparação anual. No entanto, no acumulado do ano, a receita caiu 4,4%, totalizando quase R$ 7 bilhões.
Apesar do crescimento da receita, o lucro bruto caiu 3,2%, para R$ 722 milhões, com retração de 2,3 p.p. na margem bruta, reflexo da queda na produtividade da soja e do milho, que foi compensada pelo maior volume de algodão embarcado, que atingiu 364 mil toneladas, um recorde para a empresa.
Segundo Hungria, a SLC vem de um ano difícil, mas possui perspectivas de melhora pela frente, com melhora dos lucros e dividendos já este ano. A companhia também anunciou pagamento de R$ 241 milhões em dividendos.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado caiu 9,2% no trimestre, totalizando R$ 611,16 milhões, não apenas devido à redução do lucro bruto, mas também pelo aumento das despesas com fretes e exportação e à maior participação do algodão nas vendas.
A margem Ebitda ajustada ficou em 30,9%, uma redução de 4,2 pontos percentuais ante o ano anterior. No acumulado de 2024, o Ebitda ajustado somou R$ 2 bilhões, com margem de 29,4%.
Geração de caixa e alavancagem
A geração de caixa livre da empresa foi de R$ 34,3 milhões, impactada pela redução no resultado bruto da soja e do milho, pelo aumento da área plantada para a safra 2024/25 e pela aquisição de participação de acionistas minoritários da SLC Landco. Apesar desses fatores, a alavancagem permaneceu controlada em 1,8 vezes.
A companhia, no entanto, ampliou sua área plantada em mais de 60 mil hectares para a safra 2024/25, totalizando 731 mil hectares, o que representa um crescimento de 10,6% em relação à safra anterior.
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Distribuição de Dividendos
A companhia também anunciou o pagamento de R$ 241 milhões em dividendos, um yield baixo de 2,9%, mas que, segundo a Empiricus, era esperado diante do ano desafiador e das expansões de área plantada que a empresa tem anunciado recentemente.
Desempenho da safra 2023/24 e projeções da SLC Agrícola
O algodão, cuja colheita terminou em setembro, teve produtividade de 1.922 kg/ha, em linha com o projeto e 0,9% acima da média nacional. Já o milho da segunda safra teve produtividade de 7.093 kg/ha, 6,5% abaixo do planejado, mas 29,2% superior à média nacional, segundo dados da Conab de fevereiro de 2025.
A soja foi colhida com produtividade de 3.264 kg/ha, ficando 17,5% abaixo do esperado, mas 2% acima da média nacional. O custo por hectare caiu 6,9% na safra 2023/24, refletindo a queda nos preços dos insumos, apesar do replantio em algumas áreas.
A companhia atualizou as perspectivas para a safra 2024/2025, com uma revisão para cima de 1,7 p.p. na expectativa de produtividade da soja, com projeção de um aumento de 23% no rendimento por hectare em relação à safra anterior.
Segundo Hungria, essa novidade deve ser ofuscada pela redução das expectativas de produtividade do algodão e do milho, em função dos atrasos na colheita da soja causados pelas chuvas no Mato Grosso.