O banco americano Morgan Stanley (MS) obteve lucro líquido de US$ 4,32 bilhões no primeiro trimestre de 2025, alta de 26,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. O resultado equivale a US$ 2,60 por ação, superando a estimativa média dos analistas, que projetavam US$ 2,23 por ação.
O desempenho foi impulsionado pela forte atividade no mercado financeiro, com destaque para as áreas de trading e banco de investimento, em meio à alta volatilidade nos mercados globais, desencadeada pelas tarifas comerciais dos Estados Unidos.
Apesar do balanço positivo, as ações do banco recuavam 2,33% no pré-mercado em Nova York. Às 13h05 (horário de Brasília), a desvalorização era mais branda, de 0,83%, a US$ 105,70.
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Volatilidade favorece resultados do Morgan Stanley
O banco apontou que a maior volatilidade nos mercados globais gerou uma reavaliação de carteiras por parte dos investidores.
Entre os fatores que contribuíram para esse cenário estão a nova rodada de tarifas impostas pelo presidente Donald Trump e o lançamento do modelo de inteligência artificial DeepSeek, da China.
Esse ambiente mais incerto provocou uma venda generalizada de ativos e favoreceu operações de hedge (proteção contra risco) e maior volume de negociação — fatores que beneficiaram diretamente os resultados da instituição.
Trading e ações em destaque
A receita com trading de ações subiu 45% no trimestre, com crescimento nas operações de corretagem para investidores institucionais e na negociação de derivativos, especialmente na Ásia.
A área de Institutional Securities, que abrange o banco de investimento e as operações de mercado, teve receita de US$ 9 bilhões, contra US$ 7 bilhões no mesmo período de 2024.
A divisão foi beneficiada por estratégias de proteção e reposicionamento de carteiras, em resposta ao temor de estagflação.
A receita com renda fixa também avançou, influenciada pelas incertezas no ambiente macroeconômico.
Gestão de fortunas como crescimento estratégico
A unidade de wealth management, voltada para gestão de fortunas, registrou receita de US$ 7,3 bilhões — acima dos US$ 6,9 bilhões de um ano antes. O segmento é estratégico para o Morgan Stanley e tem crescido com a ampliação da base de clientes e a sofisticação dos serviços financeiros.
No investment banking, mesmo com a queda de 13% nas atividades de fusões e aquisições (M&A) nos EUA — segundo dados da Dealogic —, o banco aumentou sua receita em 8% e manteve a quarta posição global em taxas de assessoria no período, segundo a Reuters.
Entre as operações relevantes, o banco participou da recompra da rede Walgreens pela Sycamore Partners (US$ 24 bilhões) e foi o coordenador líder do IPO da CoreWeave, empresa de computação em nuvem focada em inteligência artificial, que levantou US$ 1,5 bilhão.
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Morgan Stanley aposta em ações brasileiras
Paralelamente à divulgação dos resultados, o Morgan Stanley atualizou sua visão para os ativos da América Latina. Os analistas elevaram a recomendação para ações brasileiras para “equal-weight”, indicando expectativa de desempenho em linha com o mercado.
O banco adicionou ao portfólio regional os papéis do BTG Pactual (BPAC11) e da SLC Agrícola (SLCE3), substituindo as ações da Adecoagro e do Bancolombia.
Segundo relatório assinado por Nikolaj Lippmann, o BTG foi incluído por seu modelo de negócios diversificado e pela expectativa de queda nas taxas de juros — tanto no Brasil quanto no exterior.
Já a SLC foi escolhida por ser uma grande exportadora de commodities agrícolas com receita dolarizada. A boa safra de soja pode beneficiar as projeções da empresa para 2024/2025.
Além disso, os analistas apontam que as tarifas de Trump podem gerar prêmios acima da média para produtos agrícolas brasileiros, como soja e milho, elevando o valor das exportações não protegidas por hedge.