As ações da Nvidia (NVDA) afundam 8%, a US$ 103,22 na Nasdaq nesta quarta-feira (16), após o governo dos Estados Unidos impor novas restrições à venda do chip H20 de inteligência artificial (IA) para a China. O produto foi desenvolvido especificamente para o mercado chinês, respeitando os limites técnicos impostos pelas sanções anteriores.
O comunicado ocorreu nesta terça-feira (15) após o fechamento do mercado, levando as negociações da gigante de tecnologia despencarem próximo de 6%.
A medida pode representar uma perda de até US$ 5,5 bilhões (cerca de R$ 33 bilhões) em receita para a fabricante apenas neste segundo trimestre.
Segundo empresa, os EUA defendem que a medida era necessária para lidar com o risco de os chips serem utilizados em “um supercomputador na China”.
Impacto da decisão no mercado
O índice Nasdaq, referência para ações de tecnologia nos EUA, foi fortemente impactado pela decisão e especialmente pela desvalorização da Nvidia desde antes da abertura. Às 14h40 (horário de Brasília), o índice cai 2,74%, aos 16.361 pontos.
Outras empresas do setor de semicondutores também foram pressionadas, diante da possibilidade de novas tarifas sobre produtos eletrônicos, anunciadas pelo governo norte-americano.
As ações da ASML (ASML), maior fornecedora global de equipamentos para fabricação de semicondutores, recuaram 5,19%, negociadas a 574 euros em Amsterdã, após a companhia alertar que as incertezas geopolíticas podem afetar seus resultados em 2025 e 2026.
A decisão comunicada pelo Departamento de Comércio dos EUA também abrange o processador MI308 da fabricante Advanced Micro Devices (AMD), bem como seus equivalentes, para a China. A empresa já estima uma perda de US$ 800 milhões.
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Chips de IA sob novas regras
A Nvidia confirmou que o governo dos EUA passou a exigir uma licença especial para exportar alguns chips de IA para a China, incluindo o modelo H20, compatível com as restrições anteriores.
As novas exigências de licenciamento “estarão em vigor em um futuro indefinido”, afirmou a empresa em documento regulatório divulgado.
Essas medidas fazem parte do esforço dos EUA para limitar o acesso da China a tecnologias estratégicas.
Em 2022, o governo Biden havia proibido a exportação dos chips mais avançados da Nvidia, como o H100. Em resposta, a empresa desenvolveu o H20, com desempenho ajustado abaixo do limite técnico permitido.
Mercado chinês é vital para a Nvidia
A China representou cerca de 13% das vendas da Nvidia no último ano fiscal, o que corresponde a aproximadamente US$ 17 bilhões (R$ 100,14 bilhões). Em 2023, essa fatia era ainda maior: cerca de 20% da receita total da empresa.
O bloqueio dos chips afeta diretamente os estoques já existentes, compromissos de venda e reservas de clientes, que não poderão ser entregues.
A empresa teme que, ao se retirar do mercado chinês, o espaço seja ocupado por concorrentes locais, como a Huawei, principal fabricante de chips de IA da China. A Nvidia avalia, ainda, que a empresa chinesa poderá ampliar sua presença global caso ganhe vantagem nesse segmento.
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Reação política à restrição para exportação de chips
A decisão do governo norte-americano recebeu apoio de parlamentares. A Senadora Elizabeth Warren, do Partido Democrata, enviou uma carta ao secretário de Comércio, Howard Lutnick, defendendo ação imediata para restringir os chips vendidos à China.
“O Departamento de Comércio não pode mais adiar a tomada de medidas cautelares e urgentes em relação ao H20 para proteger a segurança nacional dos EUA”, escreveu a Senadora.
Ela afirmou que grandes empresas chinesas, como Tencent, Alibaba e ByteDance, estavam estocando os chips da Nvidia, enquanto startups americanas não conseguiam acesso aos mesmos componentes.
Investigação pelos EUA pode levar a novas tarifas
Além do veto aos chips, o presidente Donald Trump anunciou, na segunda-feira (14), a inclusão dos semicondutores e produtos farmacêuticos em uma investigação de segurança nacional, que pode resultar na imposição de novas tarifas sobre os setores.
Embora os chips tenham sido temporariamente isentos, Trump alertou que “taxas específicas por setor” serão anunciadas nas próximas semanas.
De acordo com a agência Reuters, essas tarifas podem gerar custos superiores a US$ 1 bilhão por ano para os fabricantes de semicondutores dos EUA.
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Restrição ocorre após Nvidia anunciar investimentos
Na tentativa de manter boa relação com o governo americano, a Nvidia anunciou planos de investir US$ 500 bilhões em infraestrutura de Inteligência Artificial nos Estados Unidos ao longo dos próximos quatro anos.
Entre os projetos estão a montagem de servidores em Houston, no Texas, e parcerias com empresas de empacotamento de chips no Arizona.
A iniciativa foi elogiada pela Casa Branca, mas foi anunciada após a Nvidia já ter sido informada, em caráter privado, sobre a nova exigência de licenciamento para as vendas à China.