A Azul Linhas Aéreas anunciou nesta quarta-feira (28) o início do processo de recuperação judicial nos Estados Unidos, conhecido como Chapter 11. A medida faz parte de um plano de reestruturação financeira que visa equilibrar as contas da empresa.
Na abertura do mercado, as ações da Azul (AZUL4) permaneceram por mais tempo em leilão e após, às 10h40 (horário de Brasília) caíam mais de 8% negociadas a apenas R$ 0,94.
Antes da abertura dos mercados de Nova York, as ADRs (recibos de ações estrangeiras) da Azul listadas nos EUA chegaram a cair quase 30%, refletindo a reação imediata do mercado à notícia. Agora as ações estão em leilão.
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O movimento da Azul segue a tendência observada entre grandes companhias aéreas da América Latina, como Aeroméxico, Avianca, Gol e Latam, que também recorreram à recuperação judicial em anos recentes diante de altos níveis de endividamento.
Acordos com credores e financiamento bilionário
Segundo comunicado da Azul, o processo já conta com apoio de seus principais parceiros financeiros, incluindo os detentores de títulos de dívida existentes, a arrendadora AerCap e as companhias aéreas United Airlines e American Airlines.
O pacote de reestruturação prevê:
- US$ 1,6 bilhão em financiamento no formato “debtor-in-possession” (DIP), que garante liquidez durante o processo
- Eliminação de mais de US$ 2 bilhões em dívidas
- Até US$ 950 milhões em novos aportes de capital (equity).
Esses recursos serão utilizados para refinanciar dívidas e apoiar a operação da companhia aérea durante a reestruturação.
Parte da amortização do DIP será feita por meio de uma oferta de subscrição de ações de até US$ 650 milhões, com garantia firme dos investidores, além de um possível investimento adicional de US$ 300 milhões por parte da United e American Airlines.
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Redução do rating e participação acionária na Azul
A S&P Global Ratings rebaixou recentemente a nota de crédito da Azul para CCC-, com perspectiva negativa, apontando preocupações com a liquidez e uma expressiva queima de caixa.
A empresa encerrou o primeiro trimestre de 2025 com caixa e equivalentes de R$ 655 milhões, 51% abaixo do mesmo período de 2024.
Além disso, a gestora BlackRock reduziu sua participação na Azul para 4,179% das ações preferenciais (PN).
A posição total agregada passou a ser de 37.450.947 ações PN, somando ações e ADRs, além de 727.908 instrumentos derivativos referenciados em ações PN.
CEO da Azul comenta processo de Chapter 11
“Tínhamos muitas dívidas no balanço, principalmente devido à Covid. Agora temos a oportunidade de limpar tudo”, afirmou John Rodgerson, CEO da Azul, em entrevista à Reuters.
“Acreditamos que podemos entrar e sair antes do final do ano. A saída às vezes é a parte mais difícil deste processo. Então, já estamos entrando com a saída em mente e com o financiamento garantido”, completou Rodgerson.
Segundo o executivo, o objetivo é que a companhia saia do processo com maior flexibilidade e sustentabilidade financeira, com contratos de leasing renegociados e uma frota otimizada.
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Operações seguem inalteradas
Apesar do processo nos Estados Unidos, a Azul assegura que suas operações de voo e vendas continuam normalmente, mantendo a prioridade no atendimento a clientes, tripulantes e parceiros.
A empresa, no entanto, retirou suas projeções financeiras para 2025, anteriormente divulgadas em apresentações públicas e em seu formulário de referência.