O BTG Pactual (BPAC11) anunciou nesta segunda-feira (28) a compra das operações do HSBC no Uruguai por US$ 175 milhões, o equivalente a R$ 973 milhões, considerando a taxa de câmbio de R$ 5,56 por dólar.
A aquisição marca a entrada do BTG no mercado bancário uruguaio e reforça sua estratégia de expansão internacional na América Latina.
A operação inclui o patrimônio líquido e os chamados instrumentos de capital adicional do HSBC no país.
O valor da transação ainda está sujeito a ajustes que reflitam mudanças no capital até a data de conclusão do negócio, que ainda depende de aprovações regulatórias. A expectativa é de que o processo seja concluído entre seis e 12 meses.
Segundo Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual, a aquisição faz parte da estratégia do banco de internacionalizar a presença da empresa. “Queremos ser o banco dos latino-americanos, com a oferta de serviços completa”.
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Apesar da notícia, às 12h20 (horário de Brasília), as ações do BTG (BPAC11) despencam 3,58%, cotadas a R$ 21, refletindo o mau-humor do mercado diante da proximidade do tarifaço dos EUA.
A queda também é uma reação aos dados da nota de crédito do Banco Central divulgada nesta segunda-feira, que mostraram uma queda da concessão de crédito em 3,1% no mês de junho ante maio, com recuo de 7,5% para empresas e alta de 1,4% para pessoas físicas, em decorrência do cenário de juros altos.
BTG atuará com varejo, crédito e gestão de fortunas
No fim de 2024, o HSBC possuía cinco agências no Uruguai, um patrimônio líquido de US$ 144 milhões e US$ 47 milhões em instrumentos de capital adicional, totalizando US$ 191 milhões em capital.
A base de clientes da unidade é de aproximadamente 50 mil pessoas, com uma participação de mercado estimada em 7%.
Com a aquisição, o BTG pretende atuar nas áreas de varejo bancário, crédito corporativo para empresas de todos os portes, banco de investimento e gestão de fortunas.
Os serviços serão oferecidos a clientes residentes no Uruguai e também a estrangeiros com negócios no país.
Expansão internacional e foco em alta renda
Segundo Rodrigo Goes, sócio do BTG responsável pelas operações na América Latina, o Uruguai apresenta uma economia “extremamente estável” e um sistema bancário consolidado.
Além disso, o país é conhecido por seu “ambiente fiscal amigável”, atraindo clientes de alta renda, como argentinos que buscam residência fiscal. Essa característica amplia as oportunidades para os negócios de gestão de fortunas do banco.
“O HSBC está saindo da América do Sul. Já havia vendido ativos no Brasil, depois na Argentina e agora no Uruguai. Compramos por um preço que consideramos muito atraente”, disse Goes.
Segundo ele, os retornos sobre o capital da unidade uruguaia estão na faixa superior de 25% a 30%, o que já deve gerar valor à operação desde o primeiro dia.
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Uruguai será uma das maiores operações fora do Brasil
Com a conclusão do negócio, a operação no Uruguai deve se tornar uma das três maiores do BTG na América Latina, atrás apenas de Chile e Colômbia (excluindo o Brasil).
A região como um todo já representa cerca de 12% da receita do banco, com níveis de retorno semelhantes aos registrados no mercado brasileiro.
A carteira de crédito corporativa na América Latina representa aproximadamente 20% do total do banco, com spreads (margem entre o custo de captação e os juros cobrados) equivalentes aos do Brasil.
BTG avalia outras aquisições na região
O banco continua avaliando novas oportunidades de expansão na América Latina. No Peru, o BTG aguarda a concessão de uma licença bancária, prevista para os próximos nove a 12 meses.
No México, a instituição analisou ativos que poderiam complementar suas áreas de negócio, mas as negociações não avançaram. “Somos muito cuidadosos com o preço. O México nos interessa bastante, só que ainda não achamos nada que valha a pena”, afirmou Goes.
Sobre a Argentina, o executivo explicou que o BTG já mantém uma operação pequena, mas rentável. Apesar da recente melhora macroeconômica, o histórico de instabilidade no país ainda impede movimentos mais ousados. “Ainda não nos vemos prontos para fazer um movimento maior”.
Presença global do BTG Pactual
A aquisição no Uruguai segue o plano de internacionalização do BTG, que nos últimos anos expandiu presença em diferentes regiões. Em 2023, o banco concluiu a compra do FIS Privatbank, de Luxemburgo, criando o BTG Pactual Europe, com presença física em Portugal, Espanha e Reino Unido.
Nos Estados Unidos, o BTG também ampliou sua atuação ao adquirir o M.Y. Safra, mantendo operações em Nova York e Miami.
“O negócio com o HSBC é parte fundamental da nossa estratégia internacional e fortalece nossa posição como maior banco de investimento da América Latina”, disse Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual.
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Estratégia do HSBC ao deixar o mercado do Uruguai
A saída do HSBC do Uruguai faz parte de uma estratégia global anunciada em outubro de 2024, de concentrar operações em mercados com vantagem competitiva clara.
Entre os desinvestimentos recentes do banco britânico estão a venda de sua unidade de seguros de vida no Reino Unido, uma carteira de empréstimos na França e a operação argentina para o Grupo Financeiro Galicia.