A Embraer (EMBR3) reportou um lucro líquido de R$ 448,9 milhões no segundo trimestre, o que representa uma queda de 13,8% na comparação anual. Em termos ajustados, que excluem efeitos de impostos diferidos e resultados da Eve, a companhia teve um prejuízo de R$ 53,4 milhões.
Apesar do resultado negativo, a companhia vive um de seus melhores momentos em termos operacionais e comerciais desde a reestruturação ocorrida na década passada — a receita líquida alcançou R$ 10,3 bilhões, alta de 31% em relação ao segundo trimestre de 2024, marcando um recorde para a fabricante brasileira.
Segundo a companhia, os resultados do segundo trimestre não foram significativamente impactados pelas tarifas aplicadas pelos Estados Unidos e manteve as metas inalteradas para este ano.
Refletindo a reação do mercado aos números, às 12h36 (horário de Brasília), os papéis EMBR3 caíam 1,85%, negociados a R$ 78,52 na B3.
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Embraer cresce em todos os segmentos
Todos os segmentos da Embraer apresentaram crescimento de dois dígitos no faturamento do trimestre:
- Aviação executiva: +74%
- Defesa: +28%
- Serviços: +23%
- Aviação comercial: +11%
Segundo relatório da companhia, os resultados refletem a consolidação da estratégia de diversificação acelerada pela empresa após o encerramento da tentativa de fusão com a Boeing em 2020.
Carteira de pedidos bate recorde
A carteira de pedidos firmes (backlog) somava US$ 29,7 bilhões em 30 de junho deste ano, alta de 13% frente ao trimestre anterior e de 40% em relação ao segundo trimestre de 2024. Esse foi o maior volume já registrado pela Embraer.
A companhia reafirmou a meta de entregar entre 77 e 85 jatos comerciais e entre 145 e 155 jatos executivos até o fim do ano.
Ebitda, caixa e guidance da Embraer
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 1,32 bilhão no trimestre, registrando uma alta de 30,9% na comparação anual. Em termos ajustados, o Ebitda chegou a R$ 1,39 bilhão, com margem de 13,5% (ante 12,7% um ano antes).
Para esse ano, a companhia estima um fluxo de caixa livre ajustado positivo de pelo menos US$ 200 milhões. No segundo trimestre, no entanto, houve consumo de caixa de cerca de R$ 1 bilhão, reflexo do aumento do capital de giro em preparação para entregas futuras.
O caixa líquido da companhia era de R$ 8,8 bilhões, e a dívida líquida (sem considerar a Eve) somava R$ 3,759 bilhões, marcando uma queda de 48,4% em relação ao mesmo período de 2024.
Os investimentos da Embraer no trimestre totalizaram R$ 576,5 milhões, acima dos R$ 507,9 milhões do segundo trimestre do ano anterior.
Segundo o CEO Francisco Gomes Neto, “a companhia reconhece o esforço e a mudança anunciada pelo governo americano (sobre tarifas), e continua conversando e levando o caso econômico para que possa buscar uma saída para voltar à alíquota zero na aviação como foi nos últimos 45 anos”.
O executivo destacou ainda que por segurança, a Embraer vai manter o guidance e, conforme ver a evolução dos próximos trimestres, pode fazer novos ajustes. “Ninguém pode saber o que exatamente vai acontecer com relação às tarifas”.
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Impacto das tarifas dos EUA nas receitas da Embraer
A Embraer afirma que a tarifa de 10% imposta pelos Estados Unidos às importações brasileiras “são uma grande preocupação”, mas avalia que “no cenário atual não é esperado que a alíquota afete substancialmente seus resultados e metas de crescimento”.
A companhia defende o retorno às “regras de tarifa zero para toda a aviação e setor aeroespacial” e disse que continuará monitorando o cenário internacional para identificar estratégias de mitigação de riscos comerciais.
Segundo a empresa, a tarifa de 10% deve gerar um impacto total de US$ 65 milhões ao longo de 2025, dos quais 20% já foram absorvidos até o segundo trimestre.
A Embraer e cerca de 700 produtos foram excluídos da tarifa de 50% que chegou a ser anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Investimento de US$ 500 milhões nos EUA
Durante a apresentação dos resultados, a Embraer destacou o peso do mercado americano para os seus negócios, especialmente para a aeronave comercial E175, usada na aviação regional dos EUA.
A empresa projeta investir US$ 500 milhões nos próximos cinco anos para expandir sua planta em Melbourne, na Flórida, e construir um novo centro de manutenção (MRO) em Dallas. Outros US$ 500 milhões estão previstos caso o governo dos EUA selecione o avião militar KC-390 Millenium.
“Atualmente, os negócios da Embraer e nossos fornecedores proporcionam 13 mil empregos em todos os EUA e deverão criar outros 5,5 mil até 2030”, afirmou a companhia. Com relação ao saldo comercial com os EUA, a empresa diz ter um superávit de US$ 8 bilhões.
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Embraer decola na Bolsa
Os bons resultados operacionais da companhia refletiram na valorização das ações na Bolsa. Segundo a consultoria Elos Ayta, os papéis da Embraer acumulam alta de 35,99% em dólar no ano até 29 de julho, superando empresas como Nvidia (30,72%) e Microsoft (22,07%).
Os ADRs da companhia (NYSE: ERJ) avançaram 16,81% nos últimos três meses e 112,15% nos últimos 12 meses.
No segundo trimestre, a Embraer ADR reportou lucro por ação (LPA) de US$ 0,43, superando a expectativa de analistas, que era de US$ 0,39. A receita foi de US$ 1,82 bilhão, também acima do consenso de US$ 1,73 bilhão.
A orientação da empresa para o ano fiscal 2025 continua sendo de receita entre US$ 7 bilhões e US$ 7,5 bilhões, com margem Ebit ajustada entre 7,5% e 8,3%.