As ações da Azul (AZUL4) e da Gol (GOLL54) registram forte alta nesta sexta-feira (26), após as aéreas anunciarem do fim das negociações para fusão, que criaria a maior companhia do setor no país em participação de mercado (market share).
Aproximadamente nove meses de tratativas, as empresas comunicaram oficialmente ao mercado na noite desta quinta-feira (25) sobre o encerramento das conversas sobre uma possível combinação de negócios.
Com a perspectiva do mercado de que após o comunicado a Azul concentrasse esforços na recuperação judicial, as ações AZUL4 e GOLL54 operam com ares positivos ao longo de todo o pregão.
Às 15h20 (horário de Brasília), os ganhos da Azul escalavam 15,24%, com as ações negociadas a R$ 1,21. Já os papéis da Gol sobem 5,49%, cotados a R$ 5,96.
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A Abra, controladora indireta da Gol, destacou que as primeiras discussões sobre fusão ocorreram em um cenário econômico distinto. À época, a Gol ainda estava em recuperação judicial e a Azul buscava renegociar suas dívidas.
A decisão da Azul não teria surpreendido a Abra, segundo fontes, já que as conversas vinham perdendo força. A holding notificou oficialmente a Azul sobre o fim das tratativas na madrugada desta sexta-feira (26).
Negociações entre Gol e Azul perderam o ritmo
Em fato relevante, a Abra Group Limited, afirmou que as discussões haviam perdido ritmo: “As partes não tiveram discussões significativas ou progrediram em uma possível operação de combinação de negócios por vários meses como resultado do foco da Azul em seu processo de Chapter 11”, disse a Abra, em comunicado enviado à Azul.
Além do encerramento das conversas sobre fusão, Azul e Gol também anunciaram o fim do acordo de codeshare, firmado em maio de 2024. Esse tipo de contrato permite que as companhias compartilhem voos, ampliando a oferta de destinos aos clientes.
As empresas informaram, no entanto, que os bilhetes emitidos durante a vigência da parceria continuarão sendo honrados.
Durante audiência na Câmara dos Deputados nesta semana, o presidente da Azul, Abhi Shah, explicou: “A fusão não é um fato, a gente não chegou a submeter formalmente nada ao Cade. Fizemos um formulário de consulta, um pré-formulário, em outro ambiente, outro cenário, em um outro momento das empresas que já passou, já não está mais aí. O foco da Azul agora é terminar sua recuperação judicial.”
Antes disso, Alberto Fajerman, assessor da presidência da Gol, também havia se manifestado: “Não tem mais fusão. Teve uma análise. O transporte aéreo é uma atividade mundial. O mundo todo tem se consolidado, a fusão foi estudada. Eu, por acaso, não participei desse estudo. Mas que eu saiba, não se fala mais nisso.”
Como se desenrolou o processo de fusão entre Gol e Azul
O processo de aproximação entre Azul e Abra, holding que controla a Gol, começou em janeiro de 2024, quando as companhias assinaram um memorando de entendimentos, considerado o primeiro passo formal em direção a uma possível fusão.
Poucos meses depois, em maio de 2024, foi firmado um acordo de codeshare, que permitia a integração das malhas aéreas e a venda de passagens conjuntas.
Em junho de 2024, a Gol concluiu seu processo de Chapter 11 (recuperação judicial nos Estados Unidos) e anunciou foco no crescimento. Na ocasião, o presidente da companhia, Celso Ferrer, ressaltou que uma fusão só faria sentido se fosse capaz de “acrescentar resultados, rotas e crescimento”.
Já em julho do mesmo ano, foi a vez da Azul entrar em Chapter 11, apresentando um plano de refinanciamento e de injeção de capital com o objetivo de encerrar a recuperação judicial até o fim do ano.
Apesar do avanço inicial, em setembro de 2024 as conversas esfriaram e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) determinou que as empresas notificassem oficialmente o órgão sobre a operação até 14 de outubro.
Um ano depois, a Gol e Azul fizeram o atual comunicado sobre o encerramento das tratativas e a rescisão do acordo de codeshare.
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Críticas do Cade
O presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Gustavo Augusto, chegou a criticar a postura das empresas no início de setembro.
Em entrevista à Reuters, ele afirmou que Azul e Gol deveriam parar de comentar publicamente sobre a fusão caso não estivessem preparadas para formalizar um pedido ao órgão regulador.
Além disso, o Cade havia estabelecido prazo até 14 de outubro para que as companhias notificassem formalmente o negócio.
Hoje, a Gol já concluiu sua reestruturação financeira e possui definição clara sobre seus acionistas. Já a Azul, que não é mais controlada por seu fundador, David Neeleman, segue em recuperação judicial, sem clareza sobre quem será o controlador da empresa no futuro.