A Sabesp fechou a compra para controle da Empresa Metropolitana de Água e Energia (Emae) por R$ 1,1 bilhão.
O movimento reforça a estratégia da companhia de integrar os sistemas Guarapiranga e Billings, com o objetivo de aumentar a segurança hídrica da região metropolitana de São Paulo e da Baixada Santista, segundo publicação do Pipeline, do Valor Econômico neste domingo (5).
Segundo o presidente da empresa, Carlos Piani, a Sabesp pretende concluir o processo até o primeiro trimestre de 2026.
“Em relação aos retornos esperados, acredito que estão marginalmente acima do nosso custo, com possíveis ganhos a depender do que formos capazes de realizar após a conclusão do negócio”, declarou.
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Primeira etapa da aquisição pela Sabesp
Na primeira fase da operação, a Sabesp assinou a compra de 74,9% das ações ordinárias (ON) da Emae, pertencentes à Phoenix Água e Energia S.A., dadas como garantia de uma emissão de debêntures.
Segundo apuração do Pipeline, o primeiro vencimento de juros dessas debêntures ocorreu em 27 de setembro, mas não houve pagamento. Já a primeira parcela do principal vence em abril de 2026.
Com o inadimplemento, o agente fiduciário Vórtx e a administradora XP notificaram o devedor e declararam o vencimento integral da dívida em 30 de setembro, iniciando em 3 de outubro o processo de execução das garantias, que incluem todo o equity (participação acionária) da Emae detido pela Phoenix.
As ações da Phoenix estão registradas no Phoenix FIP, administrado pela Trustee, cujo cotista de referência é o empresário Nelson Tanure, não envolvido nas tratativas.
O Phoenix FIP também é único cotista do fundo Esna, que entrou em investigação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por uma suposta compra orquestrada de ações da Ambipar e da Emae, envolvendo Tanure e Tércio Borlenghi, controlador da Ambipar.
Segunda etapa: compra da fatia da Eletrobras
Na segunda etapa da operação, a Sabesp assinou a compra de 66,8% das ações preferenciais (PN) da Emae, detidas pela Eletrobras.
Com as duas transações, a Sabesp passará a controlar 70% do capital total da Emae, dependendo ainda da aprovação da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Origem da dívida e estrutura financeira da Emae
Tanure e Borlenghi compraram a Emae em 2024, por R$ 725 milhões. Parte desse valor (R$ 520 milhões) foi financiada por meio da emissão de debêntures, que contam com garantias pessoais dos empresários e de seus respectivos cônjuges, além de ações da Ambipar detidas por eles.
Esses títulos, identificados pelo código PHAG11, estão alocados no fundo Macadâmia, gerido pelo Modal e administrado pela XP. As debêntures da Phoenix representam 26,8% do patrimônio do fundo, registradas pelo valor de emissão (R$ 520,15 milhões).
O fundo Macadâmia, por sua vez, possui patrimônio líquido total de R$ 1,9 bilhão e detém outros papéis de crédito, como os emitidos pelo Banco Master e por empresas controladas, incluindo o Will Bank.
Com a execução das garantias da Emae, os debenturistas ainda poderão executar as demais garantias, incluindo as pessoais e as vinculadas às ações da Ambipar.
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Histórico de privatização da Emae
A Emae foi a leilão de privatização em abril de 2024, com avaliação inicial de R$ 1,04 bilhão. No certame, o grupo Phoenix pagou R$ 70,65 por ação, um ágio de 33,68% sobre o valor mínimo definido pelo governo de São Paulo.
Na operação atual, a Sabesp pagará R$ 59,33 por ação ordinária (ON) que pertencia à Phoenix e R$ 32,07 por ação preferencial (PN) da Eletrobras.
Ao todo, Tanure e Borlenghi haviam desembolsado cerca de R$ 780 milhões pelo controle da Emae.
O restante das ações adquiridas pela dupla, exceto os R$ 520 milhões financiados pelas debêntures, está no fundo Arys (antigo Oceania), também administrado pela Trustee, com 9,63% de participação no capital da Emae, correspondendo a 24,19% das ações ordinárias.
Potencial estratégico da Sabesp
Com a aquisição, a Sabesp assume o controle de um ativo estratégico na região metropolitana de São Paulo, com potencial de ampliar o abastecimento de água para a Baixa Santista.
A companhia já capta água das represas Guarapiranga e Billings, e agora, ao integrar as operações da Emae, poderá obter maior flexibilidade e eficiência operacional no uso dos reservatórios.
O plano de investimento da Sabesp, após a privatização, prevê a universalização do saneamento e a melhoria da qualidade da água do Rio Tietê, o que permitiria retomar o bombeamento do Tietê para a Billings via Rio Pinheiros — um sistema que operava até a década de 1990.
Essa integração poderia aumentar a vazão de água disponível em cerca de 60 m³ por segundo, elevando a segurança hídrica do sistema metropolitano.
A expectativa é que essa retomada ocorra em 2029. Com isso, a Sabesp não precisaria investir, no médio prazo, em novas estruturas para captar água do Rio Paraíba do Sul, a cerca de 40 km de distância, nem de Sorocaba, a cerca de 100 km.
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Atuação da Emae em energia
Além da gestão dos sistemas hídricos, a Emae também atua na geração de energia elétrica. A empresa manterá seus contratos vigentes após a aquisição.
O ativo representa uma complementaridade estratégica para a Sabesp, que passa a concentrar em uma única estrutura o controle sobre captação, reservação e geração de energia associada ao sistema hídrico de São Paulo.